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ABERTURA DO SEMESTRE: Divergências marcam debate sobre mobilidade urbana

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Os projetos de mobilidade urbana de Fortaleza viraram tema do debate “Mobilidade Urbana: Reflexões Sobre o Desenvolvimento da Cidade”, promovido pela Faculdade 7 de Setembro (FA7), na manhã desta terça-feira (27). Os debatedores convidados dividiram opiniões e defenderam o seu ponto de vista. O evento, no seu primeiro momento, contou com a participação do secretário executivo da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), Roberto Resende, do assessor institucional da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), João Saraiva, da professora e membro do movimento Crítica Radical, Rosa da Fonseca, e do advogado, professor da FA7 e vereador (PSOL), João Alfredo. O coordenador do curso de Comunicação Social, Dilson Alexandre, fez a mediação.

O debate teve início com a presença da ex-prefeita de Fortaleza e fundadora do movimento Crítica Radical, Maria Luiza Fontenele. A convidada falou sobre a importância da realização de um debate sobre esse tema, já que é resultado das manifestações na cidade. “A preservação do Parque Ecológico do Cocó, por exemplo, é de extrema importância para nós. A natureza nos proporciona muitos benefícios e precisamos lutar por ela. Precisamos restabelecer aquela área de preservação ambiental”, disse.

Em seguida, o secretário Roberto Resende também agradeceu a oportunidade de participar do debate, afirmando que iria defender o ponto de vista da Prefeitura Municipal de Fortaleza. “Estamos há muitos anos trabalhando nessa questão de mobilidade urbana. Mas, ainda não teremos um modelo de mobilidade igual a outros lugares do mundo. Exatamente por conta da qualidade do nosso transporte público. Queremos, portanto, conquistar melhorias para a população”, prometeu.

Debate sobre mobilidade urbana mobilizou alunos de Comunicação Social na manhã de 27 de agosto. (Foto: Raoni Souza)

Debate sobre mobilidade urbana mobilizou alunos de Comunicação Social na manhã de 27 de agosto. (Foto: Raoni Souza)

Ainda segundo o secretário, a Prefeitura está cumprindo o projeto original elaborado durante a gestão anterior. E apenas fez algumas mudanças, para que a obra ficasse mais funcional. “No projeto original, nós tínhamos uma rotatória e dois viadutos. Porém, não seria funcional para aquela localização, além de ser mais caro, então retiramos. Estamos cumprindo tudo que nos foi mandado e autorizado. Arrancamos as 94 árvores permitidas, mas, em contrapartida já fizemos o replantio de quase 600 árvores”, frisou.

Para ele, o viaduto é o meio mais eficaz, do ponto de vista financeiro, técnico e ambiental, de se conquistar melhorias no trânsito de Fortaleza. O secretário, inclusive, se dispôs a discutir os projetos alternativos ao viaduto, elaborados por arquitetos e estudantes de arquitetura e urbanismo. “Estamos levando em conta esses projetos e incorporando essas novas ideias às nossas obras. Claro que seria possível fazer um novo projeto. Mas não seria tão eficaz quanto viaduto. Além disso, sairia bem mais caro. Em vez de R$ 18 milhões, gastaríamos em torno de R$ 90 milhões”, contou.

O advogado João Alfredo contestou a fala do secretário e afirmou que as manifestações e o acampamento não são apenas por 94 arvores. “Do mesmo jeito que as manifestações de junho não foram por R$ 0,20, não são 94 árvores que estão em debate. A nossa luta é maior. Queremos defender a nossa cidade e a nossa natureza dessas obras impostas. A prefeitura age na ilegalidade. O Parque do Cocó é uma Zona de Proteção Ambiental (ZPA) e só pode ter uso indireto, ou seja, para o turismo, lazer. Se o projeto original teve uma mudança, que foi a retirada da rotatória, seria necessário uma nova licença. O que não foi feito”, disse.
João Alfredo também falou das críticas que vem recebendo da população sobre o acampamento. “Muitas pessoas acham que os cidadãos que permanecem há 47 dias acampados, estão ali por questões políticas. Mas, não. Eles estão ali para defender o Parque. Se não fosse por eles, a prefeitura já teria destruído tudo. Esse é o problema. A prefeitura quer fazer as coisas sem debater, sem discutir outras propostas. Nós não queremos que as obras destruam a natureza. Queremos transportes públicos de qualidade, pois esse viaduto não vai resolver o nosso problema”, afirmou.

Debate Cocó 2

“Estamos há muitos anos trabalhando nessa questão de mobilidade urbana. Mas, ainda não teremos um modelo de mobilidade igual a outros lugares do mundo”, pontua o secretário executivo da Seinf, Roberto Resende. (Foto: Lua Alencar)

O assessor institucional da Seuma, João Saraiva, por sua vez, contou que na década de 1980 também lutou pelo Parque do Cocó, sendo um dos fundadores do movimento SOS Cocó. “Eu acredito que no Cocó haja espaço para o viaduto. A prefeitura está se esforçando para resolver o problema da mobilidade. Mas, em apenas seis meses, não é possível fazer muita coisa. O prefeito Roberto Cláudio, por exemplo, contratou um projeto de um sistema cicloviário para Fortaleza. Estamos com várias obras que irão facilitar a questão da mobilidade. Além disso, iremos implantar nesse projeto, uma via exclusiva para ônibus, ligando os terminais”, contou.

Para a ativista do Crítica Radical, Rosa da Fonseca, o acampamento está servindo não apenas para evitar o corte das árvores, mas para sensibilizar a sociedade acerca do assunto. “As pessoas estão mais interessadas em discutir as questões da sua cidade. Não estão mais aceitando as imposições dos poderes. Estão mais preocupadas com qualidade de vida, mobilidade urbana e direitos. Elas estão percebendo que a política não leva a transformação da sociedade”.

Rosa conta que o Parque do Cocó já sofreu por conta de outras obras liberadas pela prefeitura. “Tanto a obra do viaduto, como a da Torre Empresarial Iguatemi devastaram o Parque. E elas foram autorizadas ainda na gestão da ex-prefeita Luizianne Lins. Não queremos a destruição desse Parque e vamos lutar por ele”, lamentou. Rosa deseja que a prefeitura discuta novas propostas alternativas ao viaduto, protegendo a área de preservação ambiental.

Após esse primeiro momento, o integrante do Nigéria Ninja, grupo de mídia alternativa responsável pelo documentário “Com Vandalismo”, Yargo Gurjão, foi convidado à mesa e falou sobre o seu trabalho. “Nós buscamos mostrar as manifestações de uma maneira diferente dos veículos de comunicação tradicionais. Registramos as manifestações de dentro, ouvindo as pessoas que participam e lutam pelos seus direitos”, destacou.

O público que assistia ao debate formava a sua opinião. Foi o caso da advogada Ângela Barroso, estudante de Jornalismo, que mora no bairro Guararapes e é a favor da construção do viaduto. “Quem mora naquela região vem enfrentando um caos por conta do fluxo de carros. Acredito que o viaduto irá facilitar a mobilização, diminuindo os engarrafamentos. A área ambiental destruída não vai ser grande. Se for para o progresso da cidade, vale a pena”, afirmou.

Yargo Gurjão, Gustavo Vieira e Dilson Alexandre, em debate sobre mobilidade urbana

(Da esq. para a dir.) Yargo Gurjão, integrante do grupo Nigéria Ninja, ao lado do jornalista Gustavo Vieira e do coordenador de Jornalismo da Fa7, Dilson Alexandre, em debate sobre mobilidade urbana. (Foto: Raoni Souza)

Para a estudante de arquitetura, Fernanda Castro, a construção do viaduto é um desrespeito ao fortalezense. “Comecei o meu curso há pouco tempo, mas já posso opinar tecnicamente que há outras opções para o problema da mobilidade. Outra saída seria se inspirar em outros países e investir na construção de metrôs. Com transporte público de qualidade, muita gente opta por deixar o carro na garagem”, opinou.

O jornalista Gustavo Vieira acompanhou o debate e afirmou que esse tipo de evento é importante para a população formar sua opinião sobre o assunto. “A população está sendo bombardeada de informação, tanto pela mídia tradicional, que tem uma posição, quanto pela mídia alternativa, que defende outro ponto de vista. E fica sem saber em quem acreditar. Com esse tipo de debate as informações ficam transparentes, permitindo maior discussão. E a universidade é o local ideal para isso”, lembrou.

Curso de Jornalismo lança portal Quinto Andar

Como parte da programação de abertura do semestre, foi lançando o portal Quinto Andar, que é um produto do curso de Comunicação Social da Faculdade 7 de Setembro, coordenado pelo Núcleo de Produção Jornalística (NPJor).

Para o coordenador do NPJor, o jornalista e professor Miguel Macedo, o portal é uma oportunidade para os alunos exercerem a capacidade criativa, “com a divulgação dos trabalhos das disciplinas técnicas e práticas, nas diferentes áreas do conhecimento jornalístico. Trata-se de um projeto coletivo, com interação dos professores e dos alunos, que assumem o protagonismo das produções individuais”, destacou.

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