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SAÚDE: Festas públicas canceladas por medo de nova onda de Covid-19

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O aumento de casos na Europa e a descoberta da variante Ômicron comprometem a realização das principais festas comemorativas em Fortaleza

O Réveillon de Fortaleza, realizado no Aterro da Praia de Iracema, é considerado a segunda maior festa de Ano Novo do país em impacto econômico. Informações divulgadas pela Agência de Notícias do Turismo, do Ministério do Turismo, indicam que a movimentação financeira em 2019 chegou a R$1,6 bilhão, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, com R$3 bilhões. Entretanto, em decorrência da pandemia de Covid-19, a prefeitura da capital cearense não realizou o evento no início de 2021 e vai fazer o mesmo na virada para 2022.

ANO NOVO E CARNAVAL EM FORTALEZA

Apesar da queda no número de casos e mortes no Brasil na pandemia graças ao avanço da vacinação, países da Europa viveram uma nova onda de Covid-19. Segundo dados da plataforma Our World in Data, para cada milhão de habitantes do continente foram 5,2 mortes diárias pela doença na última semana de novembro, e a última vez que a taxa ficou tão alta foi em 15 de fevereiro, quando marcou 5,5. De acordo com relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), isso aconteceu devido à queda na taxa de vacinação e relaxamento das medidas preventivas como uso de máscaras e distanciamento social nesses países.

Governo do Ceará cancela festividades públicas de Ano Novo e Carnaval (Foto: Pexels)

A Secretaria do Turismo do Ceará registrou entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020 cerca de 650 mil turistas na capital do estado, dos quais em torno de 50 mil eram estrangeiros. Diante dessa situação, com o objetivo de evitar um novo surto de Covid-19 na cidade, o Prefeito de Fortaleza, José Sarto, informou pelo seu perfil no Twitter que a Prefeitura não irá promover evento público no Ano Novo de 2022. O Prefeito, em nota, disse: “Até chegamos a considerar a possibilidade de realizar nossa tradicional festa da virada, se a situação permitisse. Mas não podemos relaxar, sob pena de colocarmos todo trabalho feito até aqui a perder. O cenário internacional é preocupante. E estamos em alerta”. Além de Fortaleza, 16 capitais brasileiras já cancelaram o evento, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Paralelo a isso, no dia 25 de novembro uma nova variante do coronavírus foi detectada na África do Sul. Embora seja muito nova, a cepa B.1.1.529, nomeada de Ômicron, foi declarada pela OMS como uma variante de preocupação, por ter um grande número de mutações em sua composição genética. No Reino Unido, ao menos uma morte ligada a variante foi registrada e, no Brasil, já foram confirmados pelo Ministério da Saúde 11 casos da nova cepa. 

Frente a esses acontecimentos, o Governador do Ceará, Camilo Santana, cancelou também em 30 de novembro o edital de apoio às festas de carnaval de 2022. O anúncio foi feito um dia após a abertura do processo de inscrição, e a decisão foi tomada pela chegada da variante Ômicron no território nacional. Em pronunciamento, o governador disse: “Definitivamente não é o momento de estarmos programando essas festas. Continuamos acompanhando, com preocupação, o avanço da nova variante do coronavírus pelo mundo e devemos ter toda a prudência e responsabilidade para evitar que atinja o nosso Ceará”.

A plataforma Our World in Data registrou que o Brasil possui uma média de 10 mil novos casos de Covid-19 por dia desde 16 de outubro, mesmo com cerca de 64,9% da população totalmente vacinada. O ideal divulgado para “voltar ao normal” é a partir de 75% da população imunizada, e por isso, a possibilidade de uma nova onda da doença no país não é descartada. A médica infectologista Lícia Pontes explica que “a única medida profilática eficaz contra a Covid-19 até agora é a vacinação. Apesar de termos bons índices no Ceará, o Brasil ainda está muito desigual neste quesito. Ela ressalta que a pandemia não acabou, a população ainda convive com o vírus e as taxas de vacinação são desiguais no mundo: “É provável que não tenhamos uma superlotação das unidades de saúde, com escassez de leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e alta mortalidade se a maioria da população estiver vacinada corretamente, mas os grupos de risco continuarão sendo penalizados com a circulação do vírus e o surgimento de novas variantes”.

Entretanto, as festas particulares ainda estão permitidas, com capacidade de até 2,5 mil pessoas em ambientes fechados, e 5 mil pessoas em ambientes abertos, sempre seguindo o que foi deliberado pelo Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19: a utilização de máscaras e a cobrança do certificado da vacina.

Confira nosso podcast:

AS FESTAS PARTICULARES

Em entrevista para o NPJOR, a colaboradora da produtora de eventos For You, Samila Almeida, explica que devido às limitações de pessoas impostas pelo governo para respeitar as medidas sanitárias, as produtoras precisaram se adaptar com os gastos e a organização dos eventos: “O lucro é proporcional a quantidade de pessoas. Esse ano estamos com três réveillons em proporções menores, enquanto antes conseguíamos focar a produção em apenas um maior”.

Porém, mesmo com o cancelamento dos eventos realizados pela Prefeitura, Samila conta que não foi possível perceber um benefício notório no ramo de eventos privados: “Não sentimos diferença pois nosso público não é o mesmo das festas públicas”

Apesar da autorização para realização de eventos menores, a Dra. Lícia Pontes acredita que o cancelamento das festas públicas seja a melhor decisão, pois o nível de imunização diminui 6 meses depois da última dose:A população precisaria estar vacinada de forma uniforme com duas ou três doses para que pudesse se aglomerar tanto, sem riscos de novos surtos”.

Para retornar a normalidade e liberar a realização de todos os eventos, é necessário um trabalho em conjunto, como pontua a infectologista: “Precisamos equalizar as taxas de vacina para que o mundo possa vencer essa situação. Nenhum país sozinho estará blindado contra o Covid-19 enquanto houverem países com baixas taxas de vacinação”.

NATAL

Por outro lado, o evento Ceará Natal de Luz em 2021 está acontecendo normalmente desde 25 de novembro até 23 de dezembro, seguindo as medidas sanitárias adequadas. São realizados espetáculos artísticos-culturais, transmitidos em formato online no canal do evento no Youtube e apresentações especiais e presenciais no Cineteatro São Luiz. Além disso, o Coral da Luz voltou a se apresentar nas sacadas do Hotel Excelsior todos os dias a partir das 18 horas, mas com um número reduzido de crianças e adolescentes, e o Caminhão da Luz com os adornos de Natal percorrerá a cidade de Fortaleza.

Com o tema “A luz da esperança em você”, a ideia do maior evento natalino do Norte e Nordeste é refletir a positividade para o Ceará e para o mundo. Quem passar pela Praça Portugal a partir das 18 horas poderá também ver a árvore de Natal com um espetáculo de luzes e som a cada trinta minutos.

Texto: João Pedro Pacheco Artuzo (2° semestre / Jornalismo)

Áudio: Bernardo Barros e Pedro Souza (Jornalismo / Uni7)

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