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PESQUISA: Professor da UNI7 apresenta software na Alemanha

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O Qualichat monitora os principais assuntos debatidos em grupos de WhatsApp

O professor dos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7), Fernando Nobre Cavalcante, apresentou na Universidade de Bremen, na Alemanha, a versão 1.4 do seu projeto de combate à desinformação, o Qualichat. Intitulada  de “Pesquisa em grupos de WhatsApp: opinião pública e os frames de relevância”, a apresentação aconteceu no seminário do Centro de Pesquisa de Mídia, Comunicação e Informação da universidade alemã, no dia 11 de maio.

APRESENTAÇÃO NA ALEMANHA

Fernando Nobre foi convidado como pesquisador visitante durante o mês de maio na Universidade de Bremen, localizada na Alemanha. Durante esse período, o Qualichat pode ter suas últimas funcionalidades desenvolvidas, e no dia 11 aconteceu a apresentação, relacionando a teoria fundamentada na história da mídia e em conceitos de opinião pública de midiatização, aliados à prática do projeto. 

Imagem de divulgação da nova versão do Qualichat
(Foto: Reprodução / Twitter @qualichat)

O Qualichat foi desenvolvido pelo Ernest Manheim Lab, laboratório de pesquisa fundado por Fernando, e teve como impulso para desenvolvimento a onda de propagação de fake news nas eleições de 2018, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp. Durante o período, o volume de informações falsas e a utilização de grupos no aplicativo para propaganda política foi surpreendente. Agora, com o surgimento da ferramenta, os pesquisadores e qualquer um que desejar utilizá-la podem monitorar as informações divulgadas em grupos do aplicativo: “Hoje, bem preparados para as eleições de 2022, esse é um dos principais motivos para tornar a sociedade um pouco mais vigilante, até os estudantes no sentido de autocrítica do que ocorre nos grupos que você participa. Qualquer pessoa que não entenda de programação consegue entender um pouco do que ocorre nesses grupos em si”, pontua o professor.

Fernando explica que o software busca facilitar e aprimorar o trabalho de pesquisadores sociais, utilizando a tecnologia de uma forma mais simplificada: “Quando pesquisadores das ciências humanas sociais aplicadas analisam esses grupos, as pesquisas são mais qualitativas. Porém, a troca constante e a velocidade de informações muitas vezes impede de ver de fato relevâncias quantitativas do que ocorre. Então utilizando uma análise mais quantitativa, a partir de um estudo também etnográfico, é possível ter uma visualização mais concreta do todo que aconteceu naquele evento”.

João Paulo Reis e Fernando Nobre são os sócios-fundadores do Ernest Manheim Lab e idealizadores do Qualichat
(Foto: Reprodução / Nosso Meio)

Em entrevista, o pesquisador conta também como o projeto foi recebido no seminário: “Foi muito bom, foi recebido com críticas, o que é esperado. As críticas alemãs são pertinentes nesse sentido, mas as respostas a essas críticas foram bem consolidadas, então houve um esclarecimento da importância do projeto, e inclusive motivação para participar da rede de pesquisa que vamos criar a partir daí”.

Fernando acredita no futuro do projeto e que ele não se limita apenas ao combate a desinformação, e que pode ser também utilizado na formação de cidadãos nas escolas: “Nós  já temos uma ferramenta, agora precisamos estipular mais as metodologias, estudos mais empíricos, tanto no sentido de combate à fake news e desinformação, mas também no sentido de pesquisa. Para as pessoas que trabalham com design de produtos, acho que é uma ferramenta muito importante. E também é uma ferramenta educacional. Eu almejo no futuro poder utilizar isso em escolas públicas, a fim de que os próprios estudantes possam entender o seu papel como cidadãos críticos, no sentido de estarem atentos às notícias compartilhadas e a forma de comunicação presente nesses grupos”.

O SOFTWARE

O Qualichat consiste em uma linha de códigos que é inserida no “Prompt Command” do Windows. A partir daí, uma interface facilitada estará disponível para que o pesquisador possa analisar as informações dos grupos, sem a necessidade de um preparo em programação para isso. Fernando explica quais são as principais funcionalidades do software: “A primeira, chamada de Keys, é referente aos temas mais debatidos. A segunda, a Participation Status, é relacionada aos atores desses grupos, os que mais interagem, você consegue ver o que eles mais falam, por exemplo, ou quem está levantando determinado tópico. A última é o Public Opinion, que permite entender se o que é debatido nesse grupo tem uma polaridade mais positiva, negativa ou neutra, e também se aquele grupo pertence a um enquadramento mais de família, de esporte, de política, de mídia, tem pelo menos 25 categorias de grupos. Então a partir desses chats, podemos identificar além dos temas, a questão de vínculos de opinião que aquele grupo se relaciona”.

Fernando ressalta que os pesquisadores não têm acesso aos números de telefone trocados no grupo de Whatsapp analisado, e conta que nas últimas atualizações do software é possível “fazer o upload de múltiplos chats, então se você participa de 10, 15, 20 grupos, com os arquivos instalados no computador, você consegue fazer análise de todos os chats com uma somatória, uma média, incluindo as funcionalidades apresentadas”.

O Qualichat foi criado por Fernando em um Pós-Doutorado na Universidade Estadual de Campinas. Uma parceria do Qualichat com o projeto da Universidade Federal da Bahia, Qualitube, permite agora que o software identifique a relevância dos links publicados nos grupos. Além disso, o Qualichat recebeu em 2020 e 2021, investimentos da Associação de Ciências Políticas dos Estados Unidos e da empresa alemã de criptografia Tutanota.

Texto: João Pedro Pacheco Artuzo (Jornalismo / UNI7)

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