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DIA DO PROFESSOR: O que esperar do futuro da profissão

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Texto, Uni7 Informa

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As mudanças na educação durante a pandemia geram incertezas sobre a nova forma de trabalhar dos professores

Você se pergunta se vale a pena ser professor no Brasil? Muitos profissionais passaram pela mesma situação antes de ingressarem no mercado de trabalho. No entanto, com o tempo, eles descobriram o importante papel social de ser um agente transformador. Ser professor requer muito estudo, perseverança e vontade de aprender a cada dia, pois cada aluno traz um “mundo novo” para a sala de aula. 

É fato que os desafios dessa profissão são contínuos, mas desde o ano de 2020, em decorrência da Pandemia causada pelo Covid-19, doença infecciosa causada pelo vírus Sars-CoV-2, o professor enfrenta um desafio ainda maior: adaptar o ensino convencional ao mundo virtual. Assim como a saúde, o ensino é um serviço essencial e precisou ser mantido mesmo durante a pandemia, levando os profissionais da educação a se adequarem aos novos modelos de ensino. 

Para seguir a principal medida de proteção contra o covid-19 instruída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), toda a população praticou o isolamento social. Com isso, como consta no artigo 32, parágrafo 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB) as escolas e universidades adotaram de maneira emergencial a modalidade do ensino remoto, que consiste em utilizar as metodologias de ensino pedagógicas presenciais de maneira virtual. A grande diferença do ensino remoto consiste em ser um meio termo, não se encaixando no ensino presencial e nem na Educação à Distância (EAD). 

O professor Lucineudo Machado Irineu, da Universidade Estadual do Ceará (UECE)diz que “a didática do ensino presencial é diferente da didática do ensino remoto, que por sua vez é diferente da educação à distância“. Segundo o professor, em decorrência da emergência do contexto de pandemia, houve uma necessidade de adaptação ao modelo remoto rapidamente: “precisei comprar equipamentos de transmissão, adaptar materiais didáticos, tempo de aula e linguagem”. O professor conta que os principais desafios profissionais enfrentados por ele durante a pandemia foram a “quantidade absurda de trabalho dentro da nossa casa” e “aprender a fazer diferente”. 

Com o agravamento da pandemia os professores se adaptaram ao modelo de ensino online (foto: Reprodução Instagram)

Para além do ensino remoto (síncrono) e do EAD, outras modalidades de ensino ganharam forma durante a Pandemia. Em outubro de 2021, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, sancionou a lei que implementou o homeschooling, conhecido como educação domiciliar. A prática é legalizada em 65 países como Estados Unidos, França, Noruega, Austrália, Portugal, Rússia e Nova Zelândia. Esse momento marca o início de uma mudança na forma de ensino, assim como um possível futuro da profissão de professor.

Segundo pesquisas realizadas pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo menos uma em cada sete crianças no mundo foi diretamente afetada pelo isolamento social iniciado em 2020, enquanto mais de 1,6 bi de crianças sofreram alguma perda relacionada à educação. Consequentemente, diversas famílias começaram a considerar o homeschooling como uma opção viável de ensino

O PROFESSOR DO FUTURO

Após a aplicação das vacinas para cerca de 100 milhões habitantes brasileiros, escolas e universidades começam a abrir as portas outra vez e com a resistência de pais e alunos à volta do ensino presencial, o futuro dos professores ainda é muito incerto, sem saber se o modelo híbrido será uma opção, ou se os alunos terão que escolher entre voltar às aulas presenciais ou ficar sem assisti-las. 

Pesquisas realizadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), juntamente com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), constatam que de 15,6 mil docentes, 69% declararam ter medo ou insegurança com o retorno, e que 50% têm medo em relação ao futuro.

Fato é que muitos professores consideram ainda o ensino presencial como a melhor alternativa de interação entre professor e aluno. O professor Ordalio Fonseca, da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza, ressalta a importância da atenção e da socialização dos jovens nas aulas presenciais, pois “os alunos das séries iniciais e finais do fundamental são difíceis de prender nas aulas online, porque qualquer coisinha tira a atenção deles. Eu não acho que pós pandemia esse modelo de educação seja viável. A transformação do ser, requer a socialização para ter mais conhecimento”.

Em paralelo a isso, Ordalio expressa sua opinião sobre o papel da escola no futuro com relação ao ensino online: “eu acho que na escola futuramente deveria existir uma prática e uma teoria para todos os alunos sobre as tecnologias, para caso venha acontecer uma outra pandemia no futuro”. Ordalio também comenta sobre a possibilidade da implementação do EAD na sociedade: “na minha opinião, essas aulas virtuais são viáveis para alunos de nível superior, pelo fato de já terem uma bagagem de conhecimento

Por outro lado, muitos professores consideram que o ensino à distância já é uma realidade, e veio para ficar. O Publicitário Fernando Nobre Cavalcante, professor no Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7) ministra a disciplina de Sociologia Geral, que é 100% online, e utiliza uma metodologia centrada no aluno. Segundo ele, nela os estudantes podem realizar as atividades quando quiserem até o determinado prazo de entrega: “a gente tenta sempre priorizar tanto a questão da autonomia com prazos coerentes à realidade de trabalho e estudo, e também colocando a visão mais prática de atividades, desde trabalhos de fóruns, até uma interação mais próxima com o professor nas plataformas”.

As plataformas de ensino à distância se tornaram uma alternativa para os alunos (Foto: Brena Farias)

Para o professor Fernando, a principal vantagem do EAD é a sua abrangência territorial: “alunos que teriam que se deslocar e gastar uma ou duas horas de ônibus, agora na tela do computador ou celular conseguem mais fácil o aprendizado”.

De acordo com pesquisas realizadas com estudantes da UNI7, nos anos de 2020 e 2021, houve uma evolução na percepção de qualidade do ensino após a implementação do sistema de EAD, atingindo níveis acima de quatro em uma escala de um a cinco. O professor Fernando observa que esse sistema “já é visto como uma realidade e é um caminho sem volta. É importante que os cursos, mesmo presenciais, comecem a aderir mecanismos como já fazem na Publicidade e no Jornalismo, com disciplinas exclusivas para o ensino à distância e com metodologias próprias, cada disciplina abrangendo uma área do conhecimento”. 

O QUE É SER PROFESSOR

Lucineudo diz que “a gente vive um momento de muito desmonte das políticas educacionais (…), mas a gente tem esperança por que o ato de professorar é um ato de esperança”. Por isso, ser professor para ele é “atuar profissionalmente num ramo em que a esperança é fundamental, se a gente perde esse sentimento, a gente perde o sentido da profissão”. 

Para Fernando, ser professor “é uma gratificação e uma grande realização” e reconhece a importância do contato presencial: “por mais que seja um defensor do EAD, sinto muita falta da sala de aula e da aula física”. 

Ordalio sente que “ser professor é transformar vidas, é fazer parte da história daquele ser humano que está em sala de aula, que você tem certeza e acredita que através dele, haverá um mundo melhor”.

ENTENDA A HISTÓRIA

No dia 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro I emitiu uma lei sobre o Ensino Elementar, definindo que todas as cidades brasileiras deveriam ter escolas de Ensino Fundamental e o salário dos professores. Em 14 de outubro de 1963, o decreto federal nº 52.682 oficializou o dia 15 de outubro como feriado nacional do Dia do Professor, como forma de reconhecimento e homenagem a uma profissão que exige muito esforço e dedicação do profissional. 

Segundo uma pesquisa sobre aspectos socioeconômicos de diversos países realizada pelo IMD World Competitiveness Center, no quesito educação, o Brasil teve a pior avaliação de todas, ficando em 64º lugar. Isso acontece pois o mundo investe em média cerca de R$34,5 mil por estudante anualmente, enquanto o Brasil aplica apenas R$10,6 mil aproximadamente. A precariedade de investimentos na educação pública torna a profissão do professor muito mais difícil, tendo que atuar sem os recursos necessários. Entretanto, apesar das dificuldades enfrentadas por eles, de acordo com o Censo Escolar do Ministério da Educação, no ano de 2019, 1,7 milhão de profissionais atuavam na rede pública de ensino, ultrapassando 65% do total de professores no país.

Texto: João Pedro Pacheco Artuzo (1° semestre) / Hugo Eduardo Sousa (2° semestre)

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