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Características do Webjornalismo: análise da revista online Fórum

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Artigos, Texto, Uni7 Informa

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 Thainá Duete Leite

Centro Universitário 7 de Setembro

SUMÁRIO: Resumo. 1.Introdução. 2 Elementos do Webjornalismo. 3 Análise da revista Fórum com referencial teórico. 3.1 Hipertextualidade. 3.2 Multimidialidade. 3.3 Interatividade. 3.4 Memória. 3.5 Instantaneidade. 3.6 Personalização. 3.7 Ubiquidade. 4. Considerações finais. 5. Referências bibliográficas.  

Resumo: O advento da tecnologia trouxe novas formas de comunicação e expressão adaptadas e readaptadas ao consumidor, moduladas pelas tecnologias disponíveis. O jornalismo, que tem por objetivo social denunciar, servir, além de interpretar as informações atendendo às demandas de consumo na sociedade da informação, também teve que se afeiçoar a esse novo lugar chamado ciberespaço. Para este estudo simbiótico da prática e teórica, é analisada a revista online Fórum, utilizando-se dos textos apresentados na disciplina de Webjornalismo reunidos no livro “Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença”, organizado por João Canavilhas (2014). A literatura de Canavilhas busca ressaltar elementos essenciais para a construção do jornalismo nas plataformas digitais, a partir das tendências impostas pela tecnologia e seus consumidores. 

Palavras-chave:  internet, tecnologia, Jornalismo, Webjornalismo. 

  1. Introdução 

No início da década de 90 do século passado e, com a aparição do Word Wide Web, o jornalismo passou a ter seu ofício empenhado na internet. Diante desse contexto, o jornalismo teve que rever algumas práticas exercidas na produção de conteúdo noticioso, que até então estava concentrado no impresso, televisão e rádio.

O primeiro registro de webjornalismo foi em 1992 com a criação do primeiro site de notícias, O Chicago Tribune, um ano após o lançamento da WWW. Foi somente em 1995 que o webjornalismo brasileiro começou a tomar forma e lançou o primeiro veículo noticioso online, o Jornal do Brasil. Em seguida, o jornal O Globo e a Agência Estado assumem também o meio virtual. 

Não é novidade que o surgimento da Internet modificou nosso estilo de vida e forma de consumo. Aliás, é a partir dessa ferramenta que a sociedade do consumo e da informação ganha apetite para a vida digital. Esse novo espaço, o universo digital, também afetou os meios técnicos tradicionais do jornalismo, inovando com a liberdade editorial na construção e estruturas da notícia, instantaneidade na atualização do fato, além do baixo custo financeiro.

Estes programas de edição permitiam exportar as versões finais em HLTM, tornando os custos das versões online quase residuais. Por isso mesmo, os jornais foram o primeiro meio a avançar para as edições na Web. (CANAVILHAS, 2014, p. 3) 

A partir das demandas de consumo da sociedade, como também do aumento da utilização de computadores e, atualmente, smartphones, o jornalismo se viu na obrigação de criar novos meios interativos de se relacionar com seus consumidores.  

Atualmente, segundo o IBGE, a população está cada vez mais conectada. Como mostra a pesquisa, o uso da internet em domicílios brasileiros subiu de 79,1% para 82,7%, em 2018 e 2019, respectivamente. Ou seja, um aumento de 3,6% nos pontos percentuais.

No que concerne às adaptações técnicas do webjornalismo nos últimos 26 anos, é possível separá-la em cinco fases, cada uma com sua peculiaridade. A primeira, a partir de 1992; a segunda, a partir de 1995; a terceira, a partir de 1999; e a quarta a partir de 2002. Contudo, o desempenho em produzir textos jornalísticos para web que conhecemos se deu a partir da terceira, quarta e quinta fases, em que os principais elementos são: hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, memória, instantaneidade, personalização e ubiquidade.

Em trabalho de 2008, Schwingel (2008:56) propõe sistematizar os processos de produção no ciberjornalismo em 5 fases: A) Experiências pioneiras – final dos anos 60 com o envio de informação via fax, clipping via telnet, e provedores Internet de acesso restrito a clientes. B) Experiências de primeira geração – a partir de 1992 e os produtos são transpostos do impresso para a web. C) Experiências de segunda geração – a partir de 1995 e os produtos permanecem vinculados ao modelo metafórico do veículo impresso. O processo de produção passa a apresentar algumas funções distintas do impresso. D) Experiências de terceira geração – a partir de 1999 e os produtos vão se autonomizando do modelo do impresso. Os sistemas de gestão de conteúdos começam a ser utilizados, com a utilização de banco de dados integrados ao produto. E) Experiências ciberjornalísticas – a partir de 2002, com o uso de banco de dados integrados, de sistemas de produção de conteúdos e a incorporação do usuário na produção através do jornalismo colaborativo. (MACHADO, 2008, p.5) 

No início do webjornalismo, nos deparamos com um material transposto do impresso para a internet. Com o passar das últimas quase três décadas, profissionais da área não mediram esforços em construir recursos exclusivos para as notícias produzidas na web.

Em linhas gerais, após breve apresentação do contexto histórico, esse artigo busca analisar as técnicas e recursos utilizados pela revista online Fórum a partir das nomenclaturas definidas pela prática jornalística no ciberespaço.

Para iluminar e melhor definir tais recursos, o texto será fundamentado no livro organizado por João Canavilhas (2014) com o título “Webjornalismo: 7 caraterísticas que marcam a diferença”, que discorre, como ele mesmo descreve, sobre as novas arquiteturas noticiosas. 

2 Elementos do Webjornalismo 

Neste terceiro ponto, vamos fazer uma breve passagem sobre as características essenciais para o jornalismo online, segundo Canavilhas (2014). Para o autor, hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, memória, instantaneidade, personalização e ubiquidade são elementos que qualificam o Webjornalismo.  

Cada elemento possui sua especificidade, por mais que se encontrem no mesmo espaço, e podem ser analisados separadamente sem que haja perda na compreensão e conteúdo.  

Comumente e, quase que obrigatoriamente, aprendemos no curso de jornalismo a seguir o modelo de produção textual a partir da estrutura de pirâmide invertida, composta por uma ponta, chamada lead, seu meio, chamado corpo e, por último e não menos importante, o fecho.  

Esse modelo estrutural, que destaca as informações mais importantes no primeiro parágrafo do texto, começou a ser empregado durante a Guerra Civil nos Estados Unidos, em 1861.

No caso do jornalismo na internet, com um modelo de leitura não muito linear por receber performances de multimidialidade, a pirâmide cai a ponto de se curvar e literalmente passar a se chamar de pirâmide deitada. Sua leitura não-linear, com os recursos multimidiáticos, é um correspondente dessa nova arquitetura do jornalismo na web. De acordo com Canavilhas, há a necessidade de obedecer às técnicas de linguagem para o próprio meio. 

De uma forma geral, pode dizer-se que as notícias na Web devem obedecer a arquiteturas abertas e interativas, permitindo uma resposta mais eficaz a duas tipologias de leitores: 1) os que procuram uma informação específica, e por isso estão disponíveis para explorar itinerários pessoais de leitura; 2) os que simplesmente navegam numa notícia e precisam de ser guiados pelas qualidades estruturais do formato (Lowrey & Choi, 2006). Esta situação remete para técnicas específicas de redação hipertextual e para arquiteturas abertas, existindo alguma variedade de propostas. (CANAVILHAS, 2014, p. 10)

Avançando na discussão, o texto segue para o quarto tópico sendo nele apresentado a análise da revista online Fórum a luz do livro organizado por João Canavilhas.

  1. Análise da revista Fórum com referencial teórico

A Revista Fórum, lançada em janeiro de 2001, em Porto Alegre, como uma publicação impressa, atualiza diariamente seu portal de notícias. A própria revista se coloca como um espaço que “traz no seu DNA a força dos movimentos e a certeza de que é na multiplicidade de vozes que se faz um mundo melhor.”. 

O periódico impresso alcançou circulações mensais que chegaram a 25 mil exemplares vendidos. Apesar do impresso ter obtido fama e ser bem aceito no mercado publicitário, sua última edição circulou nas bancas até o ano de 2013, tornando-se somente digital a partir daí, conforme o próprio site da revista.  

A Fórum engloba desde matérias, reportagens, entrevistas, cursos, como também estantes virtuais para venda de livros. Todas as sextas-feiras a Fórum, lança, na sua versão online, uma edição semanal do periódico.  

Apresentada a revista, chegamos ao momento de reflexão e análise da funcionalidade e utilização dos elementos – hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, memória, instantaneidade, personalização e ubiquidade – no texto jornalístico para a internet. Os elementos serão analisados separadamente. Em cada tópico será apresentada e contextualiza a metodologia utilizada pela revista Fórum. 

3.1 Hipertextualidade 

O hipertexto se define pela estrutura “modelar proposta por Lévy (1993) ao falar de um conjunto de nós (palavras, páginas, imagens, gráficos, etc.) ligados por hiperligações, permitindo ao leitor desenhar o seu próprio percurso de leitura dentro de uma rede mais ou menos complexa.” (CANAVILHAS, 2014 p. 5). 

Tal estrutura funciona como um entrelaçado entre jornalista, tecnologia e leitor e possibilita caminhos, das mais variáveis formas possíveis, de o leitor percorrer seu melhor sentido de consumo do texto jornalístico e sua compreensão. Vejamos o exemplo da revista Fórum abaixo na Figura 01.

FIGURA 01 – Prints de notícias organizadas por setas que identificam 

a hipertextualidade na revista Fórum (Março de 2021)

Disponível em: https://revistaforum.com.br/politica/leia-a-integra-da-decisao-de-fachin-que-anulou-todos

-os-processos-contra-lula/ 

O que se percebe à primeira vista na revista Fórum é o uso do modelo hipertexto para conectar o leitor a outros espaços de leitura e aprofundamento do assunto e o uso da imagem é indispensável para eles. Bloco informativos carregados de links e áudios de acessibilidade são umas das características mais recorrentes na revista. Outro ponto observado é que os textos da web da revista são bem menores que os modelos vistos no jornalismo impresso.

Em toda notícia ou matéria mais aprofundada foi notada a diversidade de jornalistas nas produções. Na parte inferior da matéria, ao descer com a rolagem do layout, há a apresentação do autor do texto, o que permite fazer essa aferição. 

3.2 Multimidialidade 

A vida é composta por cinco sentidos. No Webjornalismo, alguns desses sentidos já são bastante contemplados. Texto, vídeo, sons e imagens integram o que se costuma chamar de multimídia. 

Com efeito, simplificando as definições que expusemos há alguns anos (Salaverría, 2001; Salaverría, 2005), propomos definir a multimedialidade 30 Ramón Salaverría simplesmente como a combinação de pelo menos dois tipos de linguagem em apenas uma mensagem. (CANAVILHAS, 2014, p. 5) 

  Quanto à multimidialidade, a revista Fórum apresenta riquezas de canais que conectam o leitor aos mais diversos recursos multimidiáticos. Na barra superior, estão disponíveis editorias na aba de “VÍDEOS”, com aprofundamento e comentários das principais notícias, como destaca a Figura 02. 

FIGURA 02 – Homepage da revista Fórum com os pontos mencionados 

em texto destacados  (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/

Ademais, é possível acessar sonoras disponibilizadas no podcast da Fórum, como também acessar os links das redes sociais no canto superior direito da revista. Nas matérias, é disponibilizado áudio de acessibilidade para surdos, além da venda de cursos e livros que se aprofundam em temas políticos.

3.3 Interatividade 

De acordo com Alejando Rost (2014, p.53), “a interatividade é uma das características essenciais da comunicação na Web. Cada vez que se analisa a linguagem da internet, apela-se à ideia da interatividade como um dos seus pilares”. O autor complementa que

Entendemos a interatividade como a capacidade gradual que um meio de comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de conteúdos (“interatividade seletiva”) como em possibilidade de expressão e comunicação (“interatividade comunicativa”). (ROST, 2014, p.55)

No portal de notícias da Forúm, a interatividade se resume a um “contato”, no canto superior da tela. O clique (Figura 03) disponibiliza e-mail para anúncios, sugestão de pautas, críticas, reportar erros, ouvidoria, além de tiragem de dúvidas e informações.

FIGURA 03 – Página de interatividade da revista Fórum  (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/contato/

Além do portal de notícias, outras formas de interatividade em destaque da Fórum são suas atividades nas redes sociais digitais. Nelas, observamos um grande número de seguidores: 255 mil no Instagram, 772 mil no Facebook, 348 mil no Twitter e 129 mil inscritos no canal do Youtube. Os dados são referentes as análises realizadas durante o mês de março e abril de 2021. 

Durante os dias de análise, que ocorreram entre os meses de março de abril de 2021, suas redes sociais digitais se mantiveram ativas, com postagens do site republicadas diretamente no Facebook e Twitter, com atualização em poucos minutos após as postagens. No Instagram e Youtube o material é mais personalizado, fugindo do padrão “breaking news”. Apesar do elevado número de seguidores, foi observada uma baixa mediação da revista nesses espaços de embate de ideias.

3.4 Memória  

Conforme afirma Marcos Palacios (2014, p.91), “[…] jornalismo é memória em ato, memória enraizada no concreto, no espaço, na imagem, no objeto, atualidade singularizada, presente vivido e transformado em notícia que amanhã será passado relatado”.

A memória virtual utilizada no jornalismo permite que fatos e histórias sejam comparados, recontados, comemorados, atualizados sob a luz de novos fatos. A internet permitiu, com toda sua velocidade e instantaneidade, romper a barreira do tempo e espaço. 

Com o Webjornalismo, esse movimento não foi diferente. No impresso, era comum que edições e mais edições fossem arquivadas em uma sala repleta de estantes. Com a internet, o leitor pode acessar quase que infinitamente a informação, permitindo-se, por meio de um clique, viagens ao passado que o faz conectar e atualizar com o agora. 

Por inúmeras vezes, os jornalistas recorrem a essa memória encaixada na sala de inventários noticiosos para atualizar, informar, relembrar algo que um dia já foi vivido e que novamente possa vir a ser matéria e história. Ou seja, memória também é documento e  

[…] ponto de comparação do evento presente com eventos passados (recentes ou remotos), como oportunidade de analogias, como convites à desconstruir e tornar a construir, sob a luz de novos fatos, os acontecimentos do passado (PALACIOS 2014, p. 93 apud, Zelizer, 2008, p. 82). 

O acompanhamento das matérias, atualizações de notícias, suítes, tem uma relação direta com esse suporte que passou a reunir, em espaços virtuais, o que antes era acumulado em estantes. Segundo Barbosa & Mielniczuk (2005), citado por Marcos Palacios (2014, p.96)  

[…] a disponibilização da informação em rede, os arquivos disponíveis para o acionamento da memória, no momento da construção do discurso jornalístico, tornam-se não somente acessíveis e facilmente pesquisáveis, mas também múltiplos.

Já para o leitor, a revista Fórum dispõe no canto superior do portal (Figura 04) uma opção de “buscar”. Uma maneira rápida de permitir ao leitor conectar-se ao acervo ilimitado de notícias e assim se atualizar de maneira facilitada.

FIGURA 04 – No canto superior esquerdo há

 a opção de busca da revista Fórum  (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/?s=pol%C3%ADtica

Quanto à memória do que é dito pelos leitores, essa é totalmente vulnerável, visto que as formas de interação por comentários somente são realizadas pelas redes sociais digitais. Lá, o leitor tem toda a liberdade de apagar o que foi comentado.

3.5 Instantaneidade 

Na era da instantaneidade em rede, suposições sobre o que constitui “ser o primeiro” estão sob pressão, conforme aborda Paul Bradshaw (2014, p.111). A necessidade da atualização imediata é uma demanda não somente do meio ágil, como também uma demanda de quem quer fugazmente consumir a notícia e estar por dentro dos fatos.  

No portal Fórum, a instantaneidade é demonstrada por meio da barra de “últimas notícias” (Figura 05), em destaque na página inicial do portal. Nela, o leitor pode acessar os conteúdos minutos depois de publicados.

FIGURA 05 – Homepage da revista Fórum (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/

Outra forma de atualização rápida é a divulgação da prévia do conteúdo nas redes sociais digitais, como Instagram, Twitter, Facebook e Youtube, e que servem de canais para chegar até os sites e portais de notícias, como ressalta Paul Bradshaw (2014, p.116) ao mencionar Houston (2011)

Desenvolver pacotes de conteúdo que vão desde os tweets, explorando a viabilidade de uma funcionalidade, por meio de enquetes com o público da comunidade, lançamento de entrevistas em áudio, posts em blogs, funcionalidades de impressão e integração de material de arquivo on-line. O processo é público e colaborativo; a saída é contínua através das múltiplas plataformas. Nada é desperdiçado”.

A segunda ferramenta em destaque no Fórum é a newsletter, em que é possível o leitor realizar breve cadastro por meio do seu e-mail, podendo assim receber o “lado b”, ou seja, o outro lado da história em primeira mão, principalmente ao acordar.

3.6 Personalização 

Como releva Mirko Lorenz (2014, p.139), ao citar Heritage (2020), “personalização ou o ato “personalizar” descreve as atividades de fazer ou alterar as especificações individuais ou pessoais”.

A versão da revista Fórum online é dividida em seções, sendo elas: Assuntos (Política, Brasil, Coronavírus, Economia, Movimentos, Global, Cultura, Direitos, LGBTQAI+, Mulher, Meio Ambiente, Tecnologia, Mídia e debates); Sua Região (Norte, Nordeste, Sudoeste, Centro Oeste e Sudeste); Blogs; Colunistas; Vídeos; Podcast; Pesquisas; Lojas e Cursos (Figura 06).   

FIGURA 06 – Homepage da revista Fórum com a aba

 assuntos selecionada (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/

A organização do conteúdo por temática, persona, consumidor, assuntos, experiências sensoriais é bem nítida no portal. A ideia é atender público e consumidor-alvo, segmentando a partir das análises sobre persona.  Em artigo incluído no livro do Canavilhas sobre o item personalização, Pine II, Peppers, & Rogers (1995) são citados por Mirko Lorenz (2014, p. 139)

Num artigo publicado em 1995, autores da Harvard Business Review argumentam que a personalização, tendo em conta as necessidades individuais, é um caminho a seguir para “manter os clientes para sempre”.

De fato, a facilidade em consumir pontualmente um conteúdo o qual queremos é um recurso fundamental do Webjornalismo. Com a possibilidade de interação (feedback), fica muito mais fácil compreender os gostos e sabores dos leitores e escolher qual será alcançado.

Quanto ao público-alvo, persona da revista, notamos, por meio da publicidade, um perfil mais “empresariado”, não um grande empresário, mas um empreendedor que está começando um novo negócio. Na publicidade veiculada pela Fórum, nos deparamos com carros de médio porte econômico, assim como indicações de empresas que prestam serviços para outras empresas.  

Além disso, a Fórum disponibiliza cursos sobre política, o que revela um perfil de leitor que gosta de aprofundar nos temas. A plataforma online conta também com uma loja virtual com venda de livros. 

3.7 Ubiquidade 

Ubiquidade é o último item em destaque entre as principais características do Webjornalismo na era digital. Ubiquidade significa “estar presente concomitantemente em todo lugar”. Pavlik (2014, p. 160) cita que o dicionário Merriam-Webster oferece esta definição: “presença em todo lugar ou em muitos lugares, sobretudo simultaneamente.” 

Na era dos dispositivos móveis, das redes sociais digitais e do acesso ao Google, tudo parece estar nas mãos, em todo lugar e o tempo todo. Todo esse desenvolvimento das mídias e dos meios facilita aos indivíduos participarem da notícia.  

No contexto da mídia, ubiquidade implica que qualquer um, em qualquer lugar, tem acesso potencial a uma rede de comunicação interativa em tempo real. Quer dizer que todos podem não apenas acessar notícias e entretenimento, mas participar e fornecer sua própria contribuição com conteúdos para compartilhamento e distribuição global. (PAVLIK, 2014, p.160)

Na revista Fórum, esse jeito de ter acesso a tudo, o tempo todo e em qualquer lugar se dá, primeiramente, pela performance do site, que é totalmente responsivo, adaptando-se a smartphones, tablets e computadores. Fora que, não importa o lugar de onde se origina tal notícia, com certeza ela poderá ser acessada e alcançar o usuário (Figura 07). 

FIGURA 07 – Homepage  responsivo da revista Fórum visualizada a partir

 da tela de um celular (Março de 2021) 

Disponível em: https://revistaforum.com.br/

No que se refere a informação, é nítido como ela está acessível em diversos meios a todo o momento. Na época dos grandes reinos, até o século XVIII por exemplo, o correio do rei demorava dias para entregar o aviso por meio de carta para outro reino, e o mesmo acontecia com as notícias. No século XXI já não precisamos ir até a notícia, visto que ela está conosco a todo momento. 

4  Considerações Finais

Ao longo da análise da revista online Fórum, não fica dúvidas sobre o fato de que o jornalismo na web encontrou sua arquitetura. Estudar essa arquitetura com um olhar mais estrutural e funcional tornou-se possível a partir do livro organizado pelo autor José Canavilhas (2014), “Webjornalismo, 7  características  que  marcam  a diferença. E entre essas características, a Fórum utiliza com mais frequência foram os hiperlinks. 

 A internet, a tecnologia, a rapidez e baixo custo possibilitam uma riqueza de ações que por vezes não são exploradas pelos sites de notícias. No caso da Revista Fórum, apesar de ser uma plataforma consolidada na internet, a interatividade com o público, principalmente nas redes sociais digitais, deixa a desejar. No Facebook, há uma grande atividade dos leitores e quase nenhum movimento da Fórum.

Apesar da baixa interatividade, a revista faz investimentos quanto à sua atividade diária nas redes sociais digitais, como Facebook, Instagram, Twitter e Youtube, além do podcast. Seus produtos, com foco para a notícia, podem ser facilmente compartilhados por meio dos ícones dessas redes sociais na cabeça do título.

  Quando falamos de colaboração jornalística, em que grupos de leitores fazem sua contribuição com pautas importantes no campo político, a Fórum disponibiliza espaço para colaborações que fortalecem assuntos progressistas, ou seja, um espaço para o jornalismo colaborativo. 

Os vídeos sobre o aprofundamento do assunto aparecem poucas vezes dentro do hipertexto. Aliás, tratando de hipertexto, os recursos mais utilizados são os hiperlinks. Algumas vezes, pequenos vídeos do Twitter e postagens do miniblog ganham espaço nas matérias. 

O site da Fórum, ou melhor, o portal, é totalmente responsivo, se adaptando aos meios como tablets, smartphones e computadores. O layout do portal se utiliza praticamente de duas cores, uma primária, a branca, e uma secundária, o vermelho. 

No mais, precisamos destacar que a análise não buscou aprofundar-se nas ações jornalísticas com um olhar de “certo e errado”, mas sim descrever a desenvoltura da plataforma noticiosa em um modelo de estrutura que busca alimentar diretamente o leitor no seu campo individual, ainda mais em tempos de redes sociais digitais em que o leitor é também produtor de conteúdo.

O jornalismo na internet é uma realidade atual com várias funcionalidades e técnicas sendo utilizadas, como outras ainda a serem descobertas e adaptadas à rapidez que é a internet e o consumo do leitor na era da informação. 

Em março de 2021, o jornal impresso cearense Diário do Nordeste anunciou sua última edição de papel, permanecendo-se apenas no meio online, o que pra mim nos afirma como a internet é uma ferramenta indispensável para os veículos, profissionais e leitores. 

Apesar do Fórum ter vindo do mundo impresso, acredito que ela conseguiu se adaptar e saciar a fome dos leitores online. Obviamente, o processo não é engessado, há muito o que ser construído e atualizado e, será por meio desses estudos e pesquisas – como o livro organizado pelo Canavilhas – que o jornalismo online ganhará novas essências no fazer jornalismo. Gerações e gerações de jornalistas estão por vir, principalmente os profissionais da geração Z, sendo eles grandes produtores de conteúdos na internet e, com eles, uma nova forma de manifestação comunicacional nas redes, o que afeta não só o jornalismo, mas a vida em sociedade.

5 Referências bibliográficas

CANAVILHAS,  João. Webjornalismo, 7  características  que  marcam  a diferença, Coleção Labcom, 2014.

LÉVY, Pierre. O ciberespaço como um passo metaevolutivo. In: MARTINS, Francisco Menezes; SILVA, Juremir Machado da. A genealogia do virtual: comunicação, cultura e tecnologias do imaginário. Porto Alegre: 2a Edição, Sulina, 2008.

MACHADO, Elias. et al. O Jornalismo digital no Diário.com.br: modelos de produção de conteúdos no Diário Catarinense Online. Anais do VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo. UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), 2008.

REGES, Thiara Luiza da Rocha. Características e gerações do Webjornalismo: análise dos aspectos tecnológicos, editoriais e funcionais. 96 folhas. Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da FASB, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, 2010.

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