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MARTA BRUNO: Notícia com mais sensibilidade e olhar diferenciado

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Entrevistas, Video

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Na cobertura factual, a experiência de quem vê a evolução do jornalismo no segmento de Cidades

Marta Bruno, editora da área de Geral, relembra dos momentos de repórter (Fotos: Jorge Menezes)

Marta Bruno, editora da área de Geral, relembra dos momentos de repórter (Fotos: Jorge Menezes)

As novas ferramentas de fazer jornalismo estão mudando a forma de fazer notícia. A área da editoria de Cidades é considerada mundialmente como a “escola” da reportagem.

Marta Bruno, 39, formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é editora da área de Geral do Diário do Nordeste, que abrange as editorias de Cidade, Polícia e Regional. Especializada em Linguística e Jornalismo Científico, Marta conversou com o Quinto Andar sobre as mudanças no dia a dia do segmento de Cidades no últimos anos.

Quinto Andar – Como você analisa o jornalismo de cidades hoje e as principais diferenças comparando-o com outras épocas?
Marta Bruno: Mudou muito. Os repórteres focavam em trazer a notícia da rua, com personagens, matérias de comportamento e um panorama do que estava acontecendo na cidade na área de educação, saúde, trânsito. Hoje, esse jornalismo está mais generalizado e focado em números. Isso gera uma demanda que amplia mais as matérias, abrangendo a cidade como todo.

QA – Com o acesso à internet que temos hoje, e a velocidade das informações, as matérias ficaram de alguma forma mais fáceis?
MB: Não. A internet agilizou o processo, mas não mudou a forma de apuração, que continua sendo feita com o mesmo cuidado. Hoje, a gente recebe muita informação pelo WhatsApp. Uma foto que chega, não garante que a foto é aqui em Fortaleza, se foi feita pela pessoa que mandou. Então, as coisas chegam com mais facilidade, mas apuração tem que ser feita do mesmo jeito.

QA – As assessorias de comunicação tem papel importante no cotidiano das redações. Como você vê a atuação das assessorias, estão ajudando no segmento de cidades? Qual o papel delas hoje?
MB: As assessorias burocratizaram muito o processo. Querem responder pelos assessorados e acaba que limitam o trabalho do repórter. Por outro lado, elas têm ajudado a reunir material. O release [press release] não se limita mais a um e-mail. Muitas vezes a gente recebe ou pede maquetes de projetos, vídeos e fotos.

Em entrevista, Marta Bruno, conta como obteve sucesso no jornalismo (Fotos: Jorge Menezes)

Em entrevista, Marta Bruno, conta como obteve sucesso no jornalismo
(Fotos: Jorge Menezes)

QA – Os jornais de outros estados ‘republicam’ alguma notícia da imprensa local?
MB: Não. Às vezes, pedem fotos, um contato de uma fonte, mas a matéria é feita por eles. O jornal, então, negocia uma foto ou vídeo. O que normalmente o jornal pede é que seja dado o crédito.

QA – E o que pensa sobre o futuro jornalístico no Ceará e no Brasil?
MB: Aqui mudou muito a forma de fazer jornal e de fazer notícia. O repórter vai para a rua, filma, faz um vídeo e coloca aqui na internet quando chega. A notícia é trabalhada de forma mais dinâmica e a gente não fica segurando a informação para soltar no dia seguinte. O que vai dá no outro dia é uma notícia mais elaborada.

QA – Na sua trajetória profissional, o que mais contribuiu para se destacar no jornalismo? Como obteve sucesso nesse mercado tão competitivo?
MB: Todo jornalista não deve perder do foco de que ele é um repórter em qualquer situação. Se hoje estou como editora, não deixo de ser repórter. Tem que ter um olhar e um ouvido apurado, numa conversa entre amigos, na rua, principalmente nessa área de Cidades que você vê a demanda da cidade. Não dá para descansar nesse sentido. Não é ficar procurando notícia, mas é você estar ligado e manter boas relações com as fontes.

QA – Quais foram os melhores e piores momentos que você viveu como repórter?
MB: A primeira coisa que vem na minha cabeça são essas matérias de chuva, que a gente ia e entrava com água até a cintura e não se lembrava de que aquilo era um risco, era bem difícil. Mas, momentos bons também. Íamos a locais que ninguém tinha ido, dávamos uma informação que ninguém tinha dado, conseguíamos uma imagem que ninguém tinha conseguido, viajar pelo interior era muito rico, isso era maravilhoso.

Imagem de Amostra do You Tube

QA – É verdade que há uma crença, entre os jornalistas, de que o repórter que fizer bem as notícias de cidade, ele está apto a cobrir qualquer outro assunto?
MB: É verdade. O repórter de Cidade tem um fator muito importante que é a observação: o olhar dele e a matéria de cidade exige isso. Ele vai para a chuva, para o sol, para dentro de um ônibus, são coisas completamente diferentes, mas que enriquecem muito. O repórter consegue circular por esses locais de uma forma muito mais natural.

QA – O que você, Marta Bruno, tem feito atualmente aqui no Diário do Nordeste? Quais os projetos e planos?
MB: Sou editora da área de Geral, que cobre Cidade, Polícia e Regional. Nessas editorias a gente tem projetos ao longo do ano, tudo já esquematizado. A gente sabe o que vai fazer nas datas, cinco anos disso, dez anos daquilo…

QA – E qual seria a dica que você deixa para nós, estudantes de jornalismo, que estamos ainda começando essa trajetória profissional?
MB: Creio que todo mundo deve passar por uma redação de rádio, TV, impresso ou de internet, para ver essa história da apuração. Você aprende a ter agilidade para escrever, para editar e para pensar na melhor imagem. Então, é ter essa sensibilidade de perceber, ter um olhar diferenciado.

Erikison Amaral
5° Semestre

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