QUINTO ANDAR VIU O FILME: Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

Depois de três anos após o lançamento de “O Homem de Aço”, chega às telas de cinema a nova grande produção da Warner/DC: “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”. Ao apresentar diversos elementos do universo da Liga da Justiça, o longa acaba se desvirtuando durante esse processo, transformando a trama principal em um simples plano de fundo para os futuros projetos do estúdio.

O início do filme se mostra bastante promissor, deixando claro o julgamento que Bruce Wayne, interpretado por Ben Affleck, tem sobre a figura do Superman. Ele enxerga o herói como uma grande ameaça durante a batalha que destruiu a cidade de Metrópolis no final de “O Homem de Aço”. Por outro lado, o alter-ego de Superman, Clark Kent, interpretado novamente pelo ator Henry Cavill, se torna obcecado pelo trabalho de Batman no combate ao crime, questionando suas atitudes na cidade de Gotham. A partir disso, o filme mostra potencial para desenvolver a rivalidade entre os dois de forma primorosa, mas dois fatores cruciais impediram isso de acontecer.

O primeiro deles é o vilão Lex Luthor, interpretado pelo ator Jesse Eisenberg. Em vida, o crítico de cinema Roger Ebert disse que “cada filme é tão bom quanto seu vilão”. Logo, acredito que cada vilão é tão bom quanto sua motivação. Luthor pode ser um personagem atraente de início (e até um pouco divertido), mas logo se mostra cansativo por não ter um propósito bem definido e perdido em meio a suas (desnecessárias) excentricidades. Apesar disso, a partir do terceiro ato Luthor se prova um pouco mais convincente com seu plano, mesmo faltando muito para que ele tenha a presença dramática que o filme demanda.

O segundo fator é apresentado através da personagem da Mulher-Maravilha. A personagem em si, interpretada pela atriz Gal Gadot, não é o problema. Inclusive, ela traz ótimos momentos de ação para o filme com a ajuda do seu belo tema musical, composto por Hans Zimmer e Junkie XL. Porém, todo o foco dos dramas e conflitos vivenciados pelos protagonistas é ofuscado com a chegada da personagem e o que ela representa: A ligação do filme com a futura Liga da Justiça. Isso é importante para o propósito mercadológico do longa, mas atrapalha a narrativa pela quantidade de tramas individuais. Esse excesso prejudica o filme, exigindo muita rapidez das cenas na montagem que, no final das contas, torna boa parte da história superficial.

Deixando esses e outros problemas de lado, o filme ainda consegue ter um resultado mais positivo que negativo. Temos, por exemplo, boas cenas de ação, onde, apesar de algumas serem prejudicadas pela fotografia bastante escura, acabam entregando ótimos embates como o mencionado no título do filme. Além disso, existem várias sequências de ação solo do Batman que vão deixar o público empolgado.

As tramas individuais de Bruce e Clark são bem exploradas, mostrando os dois sendo vilanizados por parte da população e as suas formas pessoais de lidar com isso. Apesar de poucos momentos juntos, cada um cumpre seu papel de forma eficiente. Ben Affleck se prova um bom Batman, prometendo um ótimo filme solo do personagem e bastante destaque nos próximos filmes da Warner/DC. Mas, acredito que o maior mérito seja de Superman, que, graças à insistência do diretor Zack Snyder em fazer metáforas da sua figura com a de Jesus Cristo, constrói o melhor arco do filme.

Aos trancos e barrancos, “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” consegue render um bom entretenimento que é, no mínimo, interessante. Apesar da sensação de urgência que a Warner passa no filme para relacionar seus personagens com a Liga da Justiça, deixando até a trama principal um pouco de lado por conta disso, o resultado final é positivo e deve divertir tanto alguns fãs mais assíduos quanto o público que passa a conhecer melhor esse novo universo.

Nota: ★★★✩✩ (3/5)

Jordi Cruz
4° semestre – Publicidade e Propaganda