MEIO DIGITAL: 4º Influx quebra o tabu e coloca o assédio no centro do debate
Apesar do receio sobre o assunto, o evento chamou a atenção dos alunos e foi tratado e discutido em alto nível
“Não Sou da Sua Conta, Assédio no Meio Digital” foi a pauta da 4ª edição do INFLUX, que aconteceu dia 27, no auditório 520, no Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7). Seguindo o exemplo das edições anteriores, o evento contou com a participação de acadêmicos, em especial alunos dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Psicologia, de diferentes instituições de ensino superior. Aberto ao público, a organização do evento registrou a presença de outras pessoas, sem um vínculo acadêmico.
Profissionais de diferentes áreas exploraram e discutiram questões de distintos pontos de vista com base na Psicologia, Psicanálise, Sociologia, Administração e Comunicação. O Influx conta também com profissionais da área digital como analista de mídias sociais, influenciadores digitais e produtores de conteúdo. Esta edição discutiu temas como gênero, diversidade, representatividade, cultura de ódio e discriminação em redes sociais.
A psicóloga e psicanalista Patrícia Dias, mestra em Psicologia Clínica, Letras, Literatura e professora da UNI7, diz que falar sobre assédio foi um tabu durante muitos anos. “Abrir esta temática dentro das universidades, expor casos vivenciados é uma forma de tirar este crime do lugar do não dito e sim para o que eu preciso falar”.
A professora acredita que falar sobre estas temáticas é começar a expor um “ranço” que carregamos e muitos “abusam” e “assediam” com a imaginária noção de que sempre estarão impunes. Temáticas polêmicas, acrescentou, “devem vir com constância às novas gerações para que assim possa haver uma mudança na forma de lidar e revelar vários contextos atuais”, disse Patrícia.
Marina Sofia, administradora, influenciadora digital e produtora no canal Bacontástico e Cinema com Rapadura diz ser importante falar sobre o tema. “O assédio acontece diariamente na internet e as pessoas aprenderam a ignorar e tolerar! Trazendo o assunto à tona, podemos perceber o quão comum se tornou assediar e ser assediado. Isso tem que mudar, e a primeira solução é o diálogo”.
O publicitário e professor universitário, doutorando em sociologia, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Márcio Fonseca Benevides, disse que “precisamos de ocasiões como essa. Como sempre friso em sala de aula, que a gente tem que exercer, cultivar o senso crítico, entender como as coisas funcionam para poder produzir alguma coisa como produto de mídia, uma análise daquele contexto”.
O professor ressaltou que, seguramente, ajuda as pessoas a se conscientizarem a se interessarem a se aprofundar nessa temática, que está invadindo o espaço de muita gente. “Há muita gente sofrendo com esse tipo de situação. Talvez, agora, com essa conscientização, apareçam mais oportunidades para gente colocar a boca no trombone e dizer que aquilo ali não é legal.”
Para Alice Falcão, publicitária, analista de mídias sociais do jornal O Povo e produtora de conteúdo no canal Bacontástico quanto mais se debate um assunto, naturalmente, pode-se encontrar com mais facilidade as soluções para os problemas. “O digital permite questões que antes eram ignoradas, hoje, sejam relevantes, como o assédio. É importante, no entanto, que haja uma discussão com base teórica, para o assunto não entrar no senso comum, sem nenhum tipo de resolução concreta”. Para a publicitária, é importante que espaços educativos estejam dispostos a dialogar e construir um pensamento crítico com os futuros profissionais.
Após o debate e exposição de fatos sobre a temática, perguntas foram feitas pela plateia, debatidas e respondidas pelos convidados, dando ao público uma visão mais apurada e crítica a respeito do tema.
O professor Davi Rocha, idealizador do grupo, ressaltou que o Influx trouxe mais uma temática importante para o meio acadêmico, mercado e sociedade como um todo. “De maneira mais madura, organizamos com sucesso um espaço para exposição de ideias, transmissão de informação e discussões relevantes sobre o assédio no meio digital. Foram cerca de duas horas de grande enriquecimento intelectual para todos os presentes e eu não poderia estar mais satisfeito enquanto idealizador desse projeto”.
O INFLUX é promovido por estudantes universitários que fazem parte do Grupo de Estudos de Marketing Digital (GEMD), que existe desde 2014, idealizado pelo professor Davi Rocha, com a participação estudantes do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7) e Universidade de Fortaleza (Unifor).
TEXTO: Willianna Barboza (6º semestre – Jornalismo/UNI7)
FOTO: Deísa Rocha (5º semestre – Jornalismo/UNI7)