EXPOSIÇÃO: O rastro de Weaver F e o diálogo com a arte urbana

Mostra é o registro de três anos de viagens do artista por cidades do interior do Ceará e em Cabo Verde, na África

Em janeiro de 2011, o artista cearense Weaver F fez uma viagem e parou em muitas casas abandonadas, para grafitar pinturas que já havia esboçado em seu caderno. Começava, assim, o Projeto Rastro, uma mistura de arte urbana com a cultura de casas e em espaços públicos no interior cearense.

Os registros do Rastro se tornaram uma mostra ainda em cartaz na Caixa Cultural Fortaleza. São ao todo mais de 100 obras apresentadas em fotos, pinturas, painéis com grafites etc., em duas salas, com as artes e uma com as fotografias sem legendas e moldes utilizados. Apenas uma obra foi desenvolvida excepcionalmente para a exposição.

No sábado, 23, Weaver participou de uma palestra no local do evento para o Rotas das Culturas, um projeto dos alunos da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). E lembrou os detalhes iniciais e desenvolvimento do projeto. O artista explicou que, em princípio, não queria que o Rastro tivesse uma estética regional. “O desenho deveria ser escolhido dependendo do modelo da casa”, disse, durante bate-papo, tratando de arte e respondendo perguntas do público.

Atualmente, as pinturas são em espaços públicos e fachadas de casas que conservam a aparência nordestina. As primeiras cidades visitadas pelo projeto foram Arneiroz, Aiuaba, Parambu e Tauá. O trabalho com as fachadas foi na segunda viagem do projeto, na região do Maciço do Baturité, nas cidades de Capistrano, Palmácia, Ocara e Guaramiranga. O programa também marcou presença em Cabo Verde, na África.

Nas primeiras viagens do projeto, nos Inhamuns, que é uma das regiões mais secas do estado, Weaver percebeu que as pessoas, no período da manhã, olhavam para o céu e ficavam observando as nuvens. Ele, então, elaborou um desenho com o rosto de uma pessoa coberto por nuvens e o corpo enrolado com espinhos. Para o artista, o desenho não tem uma mensagem clara, mas começa a repeti-lo com variações como sendo mulheres ou homens, flutuando.

Algumas experiências chamaram atenção. Lembra que, enquanto estava pintando nas cidades, algumas pessoas iam oferecer comida. Outras pediram para tirar uma foto no final do trabalho e que algumas falaram “achei que nunca teria uma obra de arte em casa”. Tudo isso desenvolvendo uma “relação humana”, de acordo com o artista.

Em cada cidade visitada, Weaver também dava palestras para professores e alunos de escolas públicas locais. Guarda com carinho, as conversas com os moradores e que distribuía obras originais de sua autoria, realizadas em serigrafia ou telas, para retribuir o carinho dos moradores.

Serviço

Rastro
Data: aberta até 1º de maio de 2016
Local: Caixa Cultural – Av. Pessoa Anta, 287- Praia de Iracema
Telefone: (85) 3453.2770
Horários: terça a sábado, das 10 às 20 horas e domingo, das 10 às 19 horas
Entrada gratuita

Isabelly Lima
6º período