CINE DEBATE: “O Mercado de Notícias” e o valor comercial da informação
Filme de Jorge Furtado foi tema de discussão para alunos e professores do curso do Direito e Comunicação na última terça
O documentário O Mercado de Notícias (2014), obra que mostra a relação entre informação e mercado nos dias atuais, foi tema de debate entre professores e alunos do curso de Direito e Comunicação do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7). A exibição aconteceu na última terça-feira, 15, no auditório do segundo andar da instituição. Os professores Felipe Barroso (Direito) e Miguel Macedo (Jornalismo) estiveram como mediadores do debate.
Crítico, comparativo e teatral, o documentário apoia-se na readaptação da peça The Staple of News, do dramaturgo inglês Ben Johnson (1572 – 1637), para contrastar o valor do jornalismo em paralelo à democracia, a economia e a política. Entre atuações dramáticas, há declarações de jornalistas como Bob Fernandes, Mino Carta, Geneton Moraes Neto e Renata Lo Prete.
No decorrer do filme também são expostos vários casos onde o jornalismo brasileiro pareceu agir de forma “tragicômica”. Entre os exemplos estão a bolinha de papel do José Serra, a crise da tapioca do ex ministro do Esporte, Orlando Silva, a Escola Base e o quadro do Picasso no prédio do INSS.
O professor e jornalista Miguel Macedo, após o final do filme, lembrou aos alunos o contexto histórico em que o filme foi produzido: Copa do Mundo no Brasil e eleições um ano após as manifestações de julho, época de agitação política no país onde a operação do jornalismo na época foi questionada. “A partir de 2013 houve uma mudança no país, uma nova forma de entender a realidade brasileira”, relembra.
No momento atual, a relação do jornalismo praticado por grandes veículos com o período pós impeachment de Dilma Rousseff também foi abordado por Macedo. A regulamentação da mídia, proposta da ex-presidente duramente criticada por grupos de comunicação do país, também foi abordada no debate: “Isso [a regulamentação] foi um absurdo há dois, três anos na época da presidente Dilma. Toda grande imprensa brasileira foi contra a regulação da mídia. Gostaria muito que houvesse, para que se separasse o joio do trigo, e ficássemos com o trigo”.
O debate seguiu com outros cases jornalísticos até hoje estudados (como o do “artista invasor” Souzousareta Geijutsuka, fruto da imaginação do artista Yuri Firmeza). Alunos participaram com perguntas e considerações sobre o papel da imprensa na democracia. Para o aluno Ézio Nascimento, do 5º semestre de Direito da UNI7, a reflexão que fica é de que o jornalismo, embora interessante, é um ‘mercado complicado’: “Você tem que saber o que faz. Tem que saber o que fazer e pensar, senão vai acabar pisando em ovos”.
TEXTO: Jonathan Silva (5º semestre – Jornalismo/UNI7)
FOTOS: Deisa Rocha (4º semestre – Jornalismo/UNI7)