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BREAKDANCE: As dificuldades de quem vive da cultura de rua

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Manifestações culturais de rua, como o Hip-Hop, frequentemente ainda são marginalizadas e enfrentam prenconceito

O sinal fecha e começa o espetáculo. Com passos rápidos e acrobáticos, jovens movimentam cruzamentos e avenidas de Fortaleza ao ritmo do Breakdance. O tempo é curto e necessita agilidade. Dançar e arrecadar algumas moedas entre os corredores de carros da Avenida Washington Soares, não é uma tarefa fácil.

A dança é originária da cultura Hip-Hop, surgida nos Estados Unidos na década de 1970. Foi utilizada como manifestação cultural alternativa, evitando a entrada de jovens em gangues de rua, que assolavam Nova York na época. Os tempos mudaram, porém, a realidade é a mesma. O “Break” cumpre sua função social, tirando adolescentes do mundo do crime, como relata Emanuel de Jesus, 18. “Isso aqui é um trabalho. Estou aqui na rua suando, não estou com uma arma, não estou assaltando nem agredindo ninguém, estou apenas dançando”, conclui Jesus.

O jovem é natural da cidade de Horizonte, município da região metropolitana, que fica a 43 km de Fortaleza. “Bronxs”, como é conhecido Emanuel na cultura Hip-Hop, se descola três vezes por semana para a capital, onde permanece durante todo o dia dançando em faróis. Ao falar sobre o dia a dia nas ruas, ele destaca sua relação com a dança. “É um esforço físico muito pesado, se a gente não usar joelheira e cotoveleira fere mesmo. Mas isso tudo é porque eu treino, gosto de treinar e amo o que faço”, explica Jesus, mostrando uma série de lesões provocadas devido ao esforço dos movimentos.

Entre os milhares de carros que passam pela avenida durante todo o dia, encontrar alguém que abra o vidro ou que interaja com um simples sinal de positivo é raro. Os “B-boys”, termo utilizado para denominar os dançarinos de Breakdance, são ignorados na maioria das vezes. Em alguns casos são até mesmo ameaçados. Como descreve “Bronxs”. “Já cheguei a situação de um motorista colocar a arma na minha cabeça e perguntar o que eu queria. E isso, mesmo com toda a família dele dentro do carro presenciando tudo”, conclui Jesus.

A principal dificuldade descrita pelo jovem é o preconceito. Segundo Emanuel, a cultura Hip-Hop por muitas vezes ainda é marginalizada e associada a criminalidade. “Gostaria que, ao invés de fecharem o vidro na nossa cara, as pessoas abrissem e reconhecessem nossa atividade como um trabalho também. E não nos chamarem de ladrão ou vagabundo”, conclui.

 

Dyego Viana

5º Semestre

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