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ORÇAMENTO DOMÉSTICO: Alta nos preços de produtos e serviços deixa consumidores atentos aos gastos

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Com economia em crise e custo de vida crescente, cearenses fazem ginástica financeira para equilibrar as despesas de casa. Reduzir gastos tem se tornado hábito cada vez mais frequente

A instabilidade econômica vivida pelo país tem aumentado o custo de vida do brasileiro. Dados referentes ao mês de novembro, divulgados no dia 7 de dezembro pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram aumentos nos índices de preços ao consumidor. Energia elétrica e combustíveis lideram as altas.

“O que mais pesa no orçamento do brasileiro atualmente são as tarifas. Os aumentos de luz, gás, combustível. O consumo precisa ser diminuído, mas os preços acabam não acompanhando”, afirma a economista doméstica Fabíola Moreira. Ela explica que os serviços não podem ser substituídos como determinados produtos no supermercado.

Segundo a pesquisa da FGV, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu de 0,10 % em outubro para 0,80% em novembro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) também apresentou aumento de 0,36% no último mês, após uma alta de 0,33% no mês anterior. Os números impactam no orçamento familiar.

Jonas Rocha, 23 anos, mora com a namorada e a sogra em Pacajus, a 50 km da capital Fortaleza. Durante o dia, Jonas lava motos e à noite faz entregas. É ele o responsável pelo dinheiro que mantém a casa. “Nossa renda mensal gira em torno de R$ 800,00. É um valor baixo”, pontua, ao explicar que as despesas da família são pagas aos poucos, de acordo com o faturamento diário e o vencimento dos boletos.

Jonas Rocha aproveita oferta no supermercado (Foto: Naélio Santos)

Para Rocha, não ter renda fixa o impede de realizar um planejamento financeiro. A ordem, portanto, é economizar ao máximo e estabelecer prioridades. “A gente economiza bastante em produtos. Pesquisa preços, vai a mais de um supermercado. Um real, dois reais, até centavos fazem diferença no final do mês”, explica.

Pesquisa divulgada dia 26 de novembro pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) do Ceará revelou que supermercados de Fortaleza tiveram em outubro alta de 70% nos preços dos produtos. Feijão, açúcar e tomate quase dobraram de valor, se comparados ao mês anterior.

Pesquisar preços é uma das recomendações de Fabíola para driblar o aumento nos valores de alimentos. “O consumidor deve ir ao supermercado quando tiver promoções, fazer lista de compras, comprar realmente o necessário e substituir alimentos e marcas de costume por outras mais baratas”, orienta.

“Não costumo ir ao supermercado. No máximo vou ao mercadinho aqui próximo quando falta alguma coisa”, esclarece a empreendedora Paula Venâncio, 30 anos. Ela administra o orçamento da família, composta pela mãe e pela irmã. Na casa, a principal renda é a dela, que tem emprego fixo como auxiliar administrativo e tem uma loja online onde vende lembranças personalizadas para festas.

Paula Venâncio avalia preço dos produtos (Foto: Naelio)

“Minha irmã é bolsista da universidade e recebe um dinheiro que ajuda nas despesas da casa. Minha mãe trabalha comigo na produção dos mimos e eu pago um valor a ela, que acaba sendo usado na casa também. Com o das duas, o meu salário e o lucro das vendas, o líquido fica na faixa dos R$ 3 mil/mês”, revela.

“Tenho uma planilha que uso para tentar organizar tudo. Mas o dinheiro de uma coisa, muitas vezes, acaba sendo usado para outra por questões de necessidade mesmo”, explica. Paula tanto paga as despesas domésticas como água, luz e internet, como quinta as faturas dos cinco cartões de crédito usados pela família.

Os cartões são utilizados para compra de matéria-prima dos produtos personalizados vendidos por Paula e também para as necessidades cotidianas. “Os cinco são para ambos os usos. Sei que é a pior forma, mas o dia a dia exige. E nós três usamos”, destaca Venâncio, ao afirmar que os juros dos cartões têm gerado problemas no orçamento.

Fabíola Moreira alerta que o cartão de crédito, se mal utilizado, pode atrapalhar as contas da casa. “Com o cartão na mão, muitas vezes o consumidor acaba parcelando contas fixas como alimentação e combustível. São coisas que precisam todos os meses. Então, as parcelas podem acumular e virar uma bola de neve, gerando endividamento”, alerta a economista doméstica.

Fabiana Moreira, economista-doméstica, recomenda mais atenção na hora de usar cartões de crédito para gastos alimentares (Foto: Arquivo)

Quando se trata de reduzir custos, tanto Jonas quanto Paula sabem onde cortar. Produtos supérfluos e atividades de lazer que gerem despesas são os primeiros itens a serem deixados de lado. Fabíola afirma que esta é uma medida correta, mas não a única que deve ser tomada para garantir organização financeira.

DICAS PARA DIMINUIR AS DESPESAS DOMÉSTICAS

Para a economista-doméstico Fabíola Moreira, reduzir custos e manter o orçamento em dia não são práticas difíceis de executar, mas exige controle, organização e disciplina. A especialista dá dicas que podem contribuir para fugir do endividamento. Confira:

Registrar gastos – Não colocar as despesas no papel ou em uma planilha é um risco muito grande, porque não dá para saber o quanto ainda é possível gastar. Tudo deve ser registrado. Com os registros é possível identificar os excessos e cortá-los.

Não comprar por impulso –
De modo geral, o consumidor brasileiro é muito impulsivo, não pode ver uma etiqueta vermelha de promoção ou liquidação. Compra e não pensa nas despesas do mês seguinte. É controlar esses impulsos e fazer um planejamento prévio.

Pagar contas até o vencimento – Para evitar juros, deve-se atentar para as datas de vencimento das despesas a pagar. É aconselhável adequar as datas de pagamento para após o dia de recebimento do salário.

Comprar à vista – Também para evitar juros, o ideal é comprar à vista. Este modo de pagamento garante, geralmente, descontos. Os parcelamentos em cartões de crédito podem facilmente fugir do controle. E se tratando de cartão, é interessante que as despesas sejam concentradas em apenas um.

Supermercado – Sempre levar uma lista de compras e segui-la à risca. Não colocar produtos supérfluos no carrinho. É essencial pesquisar e comparar preços e marcas. Aproveitar promoções, neste caso, geralmente, vale a pena.

Texto: Naélio Santos (Concludente/Jornalismo-UNI7)

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