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O desafio do jornal diário na peleja jornalística

Categoria:

Entrevistas, Texto

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Apaixonado por livros desde a infância, André Victor resolveu se aventurar no mundo da escrita. Ao chegar ao último ano do Ensino Médio, optou pelo curso de Jornalismo. Ex-aluno de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro (Fa7), André tem se destacado na Editoria de Esportes, do jornal O POVO, pela qualidade dos seus textos. E esta qualidade textual se deve à sua bagagem acadêmica e cultural. Para André, o desafio do jornal diário é fundamental para qualquer jornalista em formação.

Quinto Andar: Porque você optou pelo curso de Jornalismo?
André Victor: Sempre gostei de ouvir boas histórias, desde bem pequeno. Com o tempo, naturalmente, criei gosto pela leitura e me aventurei na escrita. Mas isso não foi uma determinante imediata para que eu escolhesse o jornalismo. Fui me decidir mesmo no último ano do ensino médio, quando realmente precisava fazer alguma coisa. Fiquei entre Letras e Jornalismo. Optei pelo segundo por me identificar com a grade do curso e também com as atividades práticas.

QA: Como foi o seu período de estudo na Fa7?
André: Considero que foi um período de altos e baixos. Normal. Quem não está louco para se livrar da faculdade depois de alguns semestres, que atire a primeira pedra. Tive a oportunidade de ganhar ótimas referências bibliográficas e aprender muito sobre gerar e administrar conteúdos. A Fa7 foi onde pude amadurecer minha bagagem teórica. Com o passar do tempo, o final do curso não mantém a mesma pegada do início. Aí, é a hora de você se agarrar com o projeto de pesquisa e encerrar a passagem de quatro anos na instituição. Pelo bem da sua saúde mental.

André VictorQA: Durante a graduação, você fez estágios, iniciação científica ou participou de atividades extracurriculares?
André: Participei de muitas atividades extracurriculares. Desde o primeiro semestre, passei a produzir artigos e apresentá-los. Fui a um número grande de palestras, fiz cursos de extensão (incluindo de jornalismo esportivo com o Fábio Pizzato, na própria Fa7), além de marcar presença em eventos realizados fora da faculdade. Ingressei no jornal O POVO, como estagiário, quando ainda fazia o 4º semestre.

QA: Como essas experiências ajudaram na sua formação?
André: Foram todas muito importantes. A produção acadêmica fez o meu trabalho de conclusão de curso fluir sem complicações. É bem menos complicado quando você passa o curso inteiro treinando aquela estrutura. Os cursos me auxiliaram, dando-me a noção de cada peculiaridade do jornalismo. E o estágio… Bem, foi o mais importante no fim das contas, já que me levou para a redação, onde não há desculpas de disciplina ou simulação. Ter o desafio do jornal diário é fundamental para qualquer jornalista em formação.

QA: Qual foi sua primeira experiência no mercado de trabalho?
André: Foi onde estou até hoje, no jornal O POVO. Ingressei em 2010, por meio do curso Novos Talentos. O desafio foi lidar com o ambiente para o qual a faculdade não te prepara. Nem de longe. E não culpo o curso. A redação é um ambiente onde você aprende a conviver quando, de fato, está lá diariamente. É onde as pautas palpitam a todo o momento, sem espaço para longas reflexões ou elaborações de pauta de três laudas.

QA: Como era conciliar o estágio com as atividades da faculdade? Você sentiu alguma dificuldade?
André: Se você organizar, consegue conciliar. Fica apenas o cansaço, mas o aprendizado compensa. Senti dificuldade no último semestre. Cansei de ler livros dentro de ônibus e madrugar estudando para prova. Mas é o preço que se paga para chegar ao fim do negócio.

QA: E no período de conclusão do curso, qual o tema escolhido para defesa do TCC? Como foi a elaboração dele?
André: Na minha monografia, proponho uma reflexão sobre a prática do jornalismo cultural, tendo como ponto de partida a abordagem dada pelo Jornal do Brasil aos autores da geração beat (movimento literário norte-americano da década de 1950). A dica que dou para quem está produzindo o TCC é uma só: fale do que você gosta. Isso vai ajudar demais na construção da pesquisa.

QA: E você pretende dar continuidade à vida acadêmica?
André: Tenho planos de fazer mestrado e doutorado. A pesquisa me atrai bastante. Quero, depois de mais algum tempo em redação, me dedicar ao ensino.

QA: E no mercado de trabalho, quais são seus planos, pretende continuar no jornal O POVO, na editoria de Esportes?
André: Você tem planos. Como te falei, é muito importante ter esse período na redação. Aprender com a rotina de repórter. Tenho planos de seguir nos estudos na área de literatura e sociedade. Gostaria, sim, de escrever livros, não necessariamente com o teor “reporteiro”. Quero continuar lendo sobre o que gosto para falar melhor sobre o que gosto.

QA: Após a conclusão do curso, como ficou a sua relação com o mercado de trabalho?
André: Minha relação ficou focada no trabalho de repórter. É necessário para todos os jornalistas viverem boas temporadas na prática de redação. Vivenciei coberturas inesquecíveis e que enriqueceram singularmente a minha visão sobre a nossa profissão.

QA: Fala sobre alguma dessas coberturas.
André: A Copa das Confederações, em junho de 2013, foi uma delas. Receber o evento em Fortaleza nos trouxe a responsabilidade de fazer uma cobertura cheia de desdobramentos e novas abordagens. Foi sensacional, também, interagir com profissionais de todas as partes do Brasil e restante do mundo. O evento motivou todos ainda mais a se preparar para a Copa de 2014.

QA: Que experiências e lembranças você tem do período de graduação?
André: Guardo com muito carinho lembranças de bons debates em grupos de estudo (conduzidos pelo professor Paulo Germano). Além disso, o Cine Fa7, os bons papos com amigos na cantina.

QA: Qual o recado que você deixa para os alunos que estão começando agora o curso e para aqueles que estão se formando?
André: Aos que estão chegando, procurem saber dos caminhos difíceis da profissão. Assim, não tem porque reclamar depois, já entrou sabendo [risos]. Aos que estão se formando, espero que já tenham tido boas experiências para além da faculdade. Isso é essencial para cair no mercado de trabalho e ter boas chances de seguir adiante na peleja jornalística.

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