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De funcionário da Fa7 a jornalista, Jair Melo mostra que não há dificuldade quando existe determinação para alcançar um sonho

A trajetória da vida é diferente para cada um. É apresentada em janelas, às vezes, um pouco embaçadas, fazendo com que cada interpretação seja ímpar, aos olhos de quem vê de perto ou de longe. Somos transeuntes de vidas que não pertencem às nossas, mas, em algum momento, alguma dessas vidas pode aderir a um papel de exemplo ou de gratidão.

Nesse enredo, conhecemos algumas pessoas que apresentam uma trajetória não tão fácil, mas que nos engrandecem apenas por compartilhá-las. Assim, entre corredores, escadas, mesas e balcões, conhecemos Jair Melo de Oliveira, jornalista atuante no mercado, ex-aluno da Faculdade 7 de Setembro (Fa7). Jair não nasceu em “berço de ouro”, como diriam os mais antigos. Veio de família humilde e, com muita dificuldade, atrelou a sua fé à força de vontade e galgou passos até a sua realização pessoal e profissional.

Jair iniciou sua trajetória acadêmica aos 22 anos e a concluiu no período previsto, em 2010. Como reconhecimento ao seu esforço, ganhou uma bolsa integral para cursar uma especialização na Fa7. Durante o período acadêmico, o jornalista passava quase que o dia inteiro na faculdade, correndo entre trabalho (no setor administrativo da instituição), estágio e aulas. Hoje, é um exemplo de determinação e nos faz refletir sobre o que realmente é ou não uma dificuldade para a concretização de um sonho. O Quinto Andar conversou com o Jair e ele conta sobre sua trajetória pessoal e acadêmica.

Jair MeloQuinto Andar: Como e quando surgiu o seu interesse e/ou despertar da sua vocação pelo jornalismo?
Jair Melo: Surgiu de um desejo particular de ter a nobre missão de contar histórias “produzidas” pela própria sociedade, quer sejam boas ou ruins. A responsabilidade social e a própria realização pessoal vieram em primeiro lugar. Já o despertar da vocação, surgiu quando estava cursando. Depois de conhecer a história do Jornalismo até os dias atuais e ter me encantado mais ainda pela futura profissão, a busca por uma formação sólida crescia a cada dia. Disciplinas, como Sociologia, Psicologia, Filosofia, Comunicação e Cultura e Antropologia Cultural contribuíram muito para fortalecer o conhecimento a respeito pela complexidade humana, requisito que considero essencial para a formação de um bom jornalista. Foram a partir das atividades práticas das disciplinas específicas do curso, no entanto, que descobri na prática que realmente estava no caminho certo.

QA: Sua trajetória acadêmica e pessoal destaca-se por não ser convencional. No decorrer dos anos, você teve que enfrentar muitos desafios, desde sua atuação como funcionário da própria faculdade, em diferentes departamentos, até sua formação exitosa. Como foi essa trajetória?
Jair: Sim, é verdade. Enfrentei muitos desafios no tempo que fazia o curso. No final de 2005, tomei a decisão de fazer Jornalismo, que foi viabilizado graças às oportunidades que surgiram para tornar realidade o sonho de ter uma formação de nível superior. Já trabalhava na Faculdade 7 de Setembro (FA7), há quase quatro anos, quando iniciei as aulas, no primeiro semestre de 2006. Na época, trabalhava seis horas por dia de segunda-feira a sábado, exercendo funções administrativas como funcionário. No período em que fiz a graduação, cheguei a fazer cursos e estágios pela manhã. Trabalhava à tarde e estudava no período noturno. Daí você imagina como era o corre-corre diário que eu enfrentava toda semana. O meu primeiro estágio foi na assessoria de comunicação de um órgão da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Com o dia todo preenchido, a saída para dar conta de todas as atividades era, além de aproveitar as “poucas” horas vagas no próprio trabalho, estudar e fazer os trabalhos da faculdade à noite quando chegava da aula já cansado e nos finais de semana. Não lembro que tenha faltado aula mais de uma vez por ano, nesse período da graduação. Eu tinha desejo de estar em sala de aula aprendendo e praticando. A cada dia, as “dificuldades” aumentavam, mas sabia onde queria chegar e, para isso, teria que superar todas elas. E superei. Foi complicado ter que abrir mão do tempo para estar com a família em prol de um projeto, de um sonho. Mas essa fase passou, conquistei meu objetivo e, hoje, posso dedicar um tempo considerável à minha família. Agradeço aos meus pais que me compreenderam e me deram força para conseguir o que tanto desejava. Outros parentes e pessoas amigas também me acompanharam e me apoiaram nesse processo, nem que fosse apenas com uma mensagem de incentivo. Nos locais de estágio por onde passei, meus chefes, pessoas experientes, também contribuíram para a minha formação profissional, ensinando os caminhos para ter uma carreira promissora. Não poderia esquecer também de mencionar que os professores também foram meus grandes incentivadores.

Recompensas

Em dezembro de 2009, concluí formalmente o curso após a defesa de minha monografia, que teve como tema “A Grande Reportagem no Jornalismo Impresso: Estudo de Caso da ‘Trilogia do Sertão’”, onde, na análise, abordei o Jornalismo Humanizado presente nas reportagens. Eu nem esperava, mas a recompensa de tanto esforço e dedicação aconteceu no dia da colação de grau, em 13 de janeiro de 2010. Por ter tido a maior média global entre os alunos que se formaram naquele semestre, igual a 9,4, conquistei uma bolsa integral para fazer um curso de especialização na Fa7 à minha escolha. A premiação foi só mais uma força para continuar meus projetos na vida acadêmica. Todas estas conquistas agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido, porque sem Ele não somos nada, e também às pessoas que Deus colocou no meu caminho para me apoiar e ajudar a alcançar os meus objetivos.

QA: No período pós-formatura, o que mudou em sua vida profissional e pessoal?
Jair: Depois de formado, busquei me estabelecer profissionalmente, como toda pessoa que conclui um curso de nível superior. No início, não foi fácil, mas, aos poucos, fui conseguindo espaço no mercado. Minha primeira experiência já como jornalista profissional foi como repórter em um jornal impresso semanal. Em seguida, passei a produzir reportagens especiais para uma revista conceituada na imprensa cearense. Nesses quatro anos que se passaram, atuei como assessor de imprensa e de comunicação e como analista de mídias sociais em empresas de comunicação corporativa e, sobretudo, em órgãos públicos, no caso, do Governo do Estado. Atualmente, exerço o cargo de assessor de comunicação da Escola de Gestão Pública do Estado do Ceará (EGP-CE). Neste ano, conclui o curso de Especialização em Propaganda e Marketing pela Fa7, conquistando o título de especialista. O tempo tem passado e, a cada dia, tenho amadurecido pessoal e profissionalmente. Se formos humildes e reconhecermos que o aprendizado da vida é constante, seremos capazes de extrair o ensinamento de uma situação vivenciada ou simplesmente ouvindo alguém mais experiente.

QA: O mercado de trabalho encontrado por você superou suas expectativas?
Jair: Na verdade, me deparei com a realidade de um mercado que já conhecia desde quando era estudante. Pude constatar, porém, que se um profissional é competente no que faz, e tem um bom relacionamento profissional, ele não fica à margem nesse mercado. Muitos profissionais são lembrados pelos trabalhos relevantes que desenvolvem nas empresas onde atuaram ou pela capacidade de se diferenciar frente aos demais. Ter uma boa rede de contatos é importante, mas não é tudo. É preciso ter capacidade técnica e intelectual para fazer, e fazer bem feito. Somado a tudo isto, ter características pessoais que agreguem valor para si mesmo e ao grupo de trabalho também é algo que deva ser levado em consideração neste mercado competitivo em que estamos inseridos.

QA: O que você deixa de mensagem para os alunos que estão entrando no mundo acadêmico e aqueles que estão prestes a finalizar um curso?
Jair: Aconselho a todos que ingressam na vida acadêmica que “mergulhem” nesse universo do conhecimento. “Bebam” de cada fonte que vocês encontrarem ao longo dessa trajetória, independente dessa fonte ser um livro ou apostila, um professor ou mesmo um colega de sala de aula. Desejo que vocês conquistem seus espaços no mercado de trabalho pelo conhecimento, pela competência. Isso só vocês podem conquistar. É mérito de vocês. Para quem estar concluindo um curso de ensino superior, não esqueçam que a carreira profissional é dinâmica e requer que a cada dia nós busquemos nos atualizar e buscar novos conhecimentos. Não se formem pensando apenas no valor monetário que vão receber, mas no que vocês são capazes de produzir enquanto pessoas realizadas profissionalmente. O resto, a gente corre atrás.

Jéssica Bosford
Recém-formada em Jornalismo na Fa7

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