Mudança de Mercado: Rua das Óticas vem perdendo espaço para as novas cadeias de comércio

loja vazia por falta de clientes no centro da cidade

Tradição em Fortaleza, a Rua Pedro Pereira, localizada no centro da cidade, é popularmente conhecida como a Rua das Óticas, mas vem perdendo seu espaço de venda para lojas de shopping centers e vendedores autônomos. Esses muitas vezes não têm autorização da Prefeitura para vendas, o que acaba levando os comerciantes que nela trabalham a terem dificuldade em se adaptar às novas demandas do mercado.

Numa caminhada pelas ruas do Centro é perceptível que o fluxo de pessoas transitando e comprando decaiu. Essa realidade não se deu de forma diferente para a rua das óticas, onde quase todas os estabelecimentos encontravam-se vazios e com seus vendedores nas portas convidando a todos que ali passavam a entrar, prometendo descontos e brindes diferenciados da concorrência. As poucas lojas que possuíam um fluxo maior de compradores eram as próprias distribuidoras.

Para a arquiteta Julia Maia, 29 anos, que fazia compras na Distribuidora Cearense de Óculos, estar ali fazia sentido por conta do baixo custo das lentes de contato do local e por trabalhar nas redondezas. Outros funcionários de estabelecimentos localizados na rua Pedro Pereira disseram que a preferência dos clientes mudou para as óticas localizadas perto de suas casas, em shopping centers. E também por um novo concorrente de vendas, o vendedor autônomo, que, sem ter que pagar custos fixos altos como a locação de um ponto comercial, o pagamento de energia, de segurança e funcionários, conseguem comprar os itens diretamente dos fabricantes e revendê-los a um baixo custo.

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico – SINDIOPTICA- CE “a comercialização de óculos de sol, de lentes de grau e de contato é restrita – apenas estabelecimentos autorizados pela autoridade sanitária que preencham as exigências legais podem importá-los ou comercializá-los” Na prática, no entanto, a realidade se mostra diferente, uma vez que as óticas, com suas lojas físicas, devidamente regularizadas e com seus elevados custos fixos, se veem obrigadas a baixar ao máximo seus preços além de utilizarem de todos os meios possíveis, como os sites de compras coletivas, para ainda ter algum espaço no mundo das vendas, e só assim podendo competir com os vendedores autônomos.

Esse é o caso da professora Jade Afonso, 32 anos, que prefere pagar um pouco mais caro pela regalia de não sair do conforto de sua residência para a compra do combo armação e lentes de grau. Segundo ela, com apenas uma ligação ou por vezes, até mesmo através de um aplicativo de mensagens instantâneas, combina com o vendedor preço, especificidades de suas lentes e o local para entrega do produto. E tem feito dessa forma há três anos, desde que uma amiga indicou o serviço de delivery.

Ana Laura Teles Dantas – 1º Semestre