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Mídia é a voz do povo, não do poder

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“Se as pessoas realmente soubessem a verdade, a guerra terminaria amanhã. Mas, é claro, elas não sabe. E não podem saber”

David Lloyd George, Primeiro Ministro da Inglaterra durante a I Guerra Mundial

Resenha sobre o filme A Guerra que Você Não Vê, da estudante Bárbara Castelo Branco (8º semestre)

O filme fala em seus primeiros momentos sobre como a primeira guerra mundial era mascarada para os cidadãos britânicos. O filme oficial que era passado para toda a nação, era de um grupo de soldados felizes por estarem defendendo o orgulho de sua pátria.

Edward Bernays foi um pioneiro da propaganda moderna, ao criar a expressão Relações Públicas. De acordo com ele, “a manipulação inteligente das massas é um governo invisível que é o verdadeiro poder governante em nosso país”.

A guerra que você não vêCom isso, Bernays ajudou a vender a ideia da guerra para os Estados Unidos participarem, partindo do princípio de que a melhor forma de persuadir as pessoas é agarrando-as por suas emoções. E, com isso, os fatos não importavam mais.

Outras mudanças foram feitas por meio da manipulação das massas na propaganda, como o fato do cigarro que não era socialmente aceito, sendo fumado pelas senhoritas, acabou tornando-se um símbolo de feminismo.

A guerra do Iraque em 2003 trouxe novas ilusões ao povo americano, incitando o ódio direto ao povo iraquiano como, por exemplo, a suposta ligação do 11 de setembro com Saddam Hussein. “Quando se começa a usar símbolos separados de seus significados, os quais passaram a ter uma existência por conta própria, os fatos já não têm mais importância”, afirma, no documentário, o professor Stuart Ewen, historiador de mídia. Exatamente por isso, o Pentágono investe bilhões em propaganda, espionagem e manipulação do povo americano.

O resultado da Guerra do Iraque foi: 740.000 mulheres viúvas, 4.5 milhões de pessoas forçadas a abandonar suas casas e esses dados não são mostrados pela mídia. Não foi mostrado o verdadeiro sofrimento do povo iraquiano. Pelo contrário, a FOX, uma das maiores redes de televisão americana foi uma grande apoiadora da Guerra do Iraque, publicando que o governo iraquiano estava fazendo armas químicas e biológicas e até mesmo nucleares, sendo que estas nunca foram encontradas, sendo os verdadeiros motivos unicamente lucrativos, apropriação do petróleo e outros recursos de outro país.

A estratégia dos soldados estadunidenses era simplesmente de atirar em todas as pessoas, conjuntos habitacionais e órgãos públicos que eles vissem de cima dos seus jatos, com isso praticamente todo homem, mulher e criança eram alvos a serem neutralizados. Todo esse falso heroísmo e auto-piedade foi vendido a toda nação através de filmes hollywoodianos ao longo das décadas.

Mas os Estados Unidos não são os únicos responsáveis por ocultar a verdade, a Inglaterra também se aliou ao governo americano com suas mãos igualmente sujas de sangue, coisa que não é mostrada na BBC News e, quando confrontados, os jornalistas britânicos são incapazes de assumir sua falta de interesse investigativo na época em que divulgavam a mesma ilusão que os americanos passavam ao seu povo.

O jornalismo “embutido”, que sempre terá que prestar contas aos militares, governo e a própria rede de televisão, jamais poderia mostrar todo o terror físico e psicológico sofrido pelos civis que ficavam em custodia dos soldados. Muitos, com sacos amarrados na cabeça eram privados de comida, água além de sofreram abusos sexuais, morais e físicos. 90% das mortes da guerra do Iraque foram de civis. Superando as baixas da Primeira Guerra Mundial (10%), da Segunda Guerra Mundial (50%) e da Guerra do Vietnam (70%). O que isso tudo nos diz? Que com o passar dos anos importa menos quem está se matando e mais quantas pessoas estão sendo atingidas. É uma verdadeira matança.

Essas pessoas acabaram virando números, seus nomes não importam e jamais serão lembrados na história, pois a grande maioria foi enterrada sem qualquer identificação, e muitos despedaçados e irreconhecíveis até mesmo como restos humanos.

Outras coisas não foram mostradas como o fato de na primeira guerra do golfo o bombardeio ter continuado após a guerra, um bloqueio econômico imposto pela ONU, liderada por Estados Unidos e Grã-Bretanha impediu que água limpa e drogas medicinais chegassem à região que ocasionou a morte de meio milhão de crianças abaixo de cinco anos, reportadas somente pela UNICEF.

Outras guerras como a de Israel contra Palestina são reportadas pela BBC News de uma grande imparcialidade israelense. Mostrando os sanguinários ataques que eles faziam exatamente como o governo de Israel mostrava com seu “propagandismo” nacional, alegando que foi em defesa própria.

Falando em ”propagandismo” o atual presidente Barack Obama foi um grande exemplo de como uma campanha pode promover seus ideais como uma marca de sucesso. Ele falava sobre paz e de como a guerra tinha sido um trágico erro, chegou até a ganhar o premio Nobel da paz por isso, porém além de não ter retirado as tropas, aprovou um orçamento militar de 708 bilhões de dólares que foi o maior gasto de guerra de todos os tempos.

Porém, quando os segredos do pentágono e outras informações que o governo esconde são levados a tona pelos “sopradores de apito”, o governo fazer de tudo para desacreditar e criminalizar a pessoa que os desmascarou.

Em conclusão, nas palavras do repórter Claude Coburn: “nunca acredite em algo até que seja oficialmente negado”. A mídia deve ser a voz do povo e não do poder.

Serviço
A guerra que você não vê
(The War You Don’t See, 2010)
Duração: 1h36
Disponível na íntegra aqui

Sobre

Documentário do jornalista britânico John Pilger que analisa a forma como governos convencem a sociedade a apoiar a guerra por meio da mídia. Trata-se de uma investigação poderosa e oportuna sobre o papel da mídia na guerra, traçando a história das reportagens independentes e incorporadas da carnificina da Primeira Guerra Mundial à destruição de Hiroshima, e desde a invasão do Vietnã à atual Guerra do Afeganistão e o desastre no Iraque.

Como as armas e propaganda se tornam ainda mais sofisticados, a natureza da guerra está se desenvolvendo em um “campo de batalha eletrônica”, em que os jornalistas desempenham um papel fundamental, e os civis são as principais vítimas. Inclui uma entrevista com o fundador e editor-chefe da WikiLeaks Julian Assange.

Neste documentário, John Pilger expõe como os grandes meios de comunicação dos países imperialistas (assim como seus representantes nos países periféricos) manipulam as informações com o objetivo de justificar suas guerras de rapina e outras políticas contrárias aos interesses das maiorias populares.

O diretor revela como estes meios agem de modo orquestrado para beneficiar as políticas imperialistas dos Estados Unidos, por exemplo, e de seus agentes no Oriente Médio (Israel). As cenas das atrocidades cometidas no Iraque, no Afeganistão e na Palestina são amostras do grau de perversidade a que se pode chegar com o objetivo de garantir privilégios.

O documentário foi exibido como atividade da disciplina Ciências Políticas, proposta pelo professor João Alfredo, do curso de Jornalismo da Fa7.

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