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MARLYANA LIMA: O jornalismo como mudança da realidade

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Entrevistas, Texto

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O mercado está em constante mudança e os jornalistas se dedicam cada vez mais a acompanhar esse processo

Marlyana revela que gostar de jornalismo é essencial para se destacar na profissão (Fotos: Flávia Lopes)

Marlyana revela que gostar de jornalismo é essencial para se destacar na profissão (Fotos: Flávia Lopes)

Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), a cinéfila Marlyana Lima tem 48 anos, dois filhos e 25 anos de muito conhecimento e experiências vividas como jornalista.

Editora do Caderno Zoeira e da revista Gente, do Diário do Nordeste, Marlyana tem futuros planos de ensinar e poder compartilhar o que aprendeu com a profissão. Ela conversou com o Quinto Andar sobre seu trabalho, o mercado, os melhores e piores momentos, mas principalmente, sobre como o jornalismo mudou a sua vida.

Quinto Andar – Como começou sua trajetória no jornalismo?
Marlyana Lima: Comecei na Tribuna do Ceará, um jornal que foi escola para muitos jornalistas que hoje estão no mercado em posição de destaque. Com um ano na Tribuna, fui convidada para o Diário do Nordeste, como repórter de Cidade, onde trabalhei três anos nessa função. Entendo que a base do jornalista é trabalhar nessa área, vendo tudo o que acontece na cidade. Isso dá uma percepção diferente de onde mora e das pessoas que te cercam. Depois fui convidada para fazer um projeto de uma editoria de Reportagem, que hoje se chama de editoria de Especiais. Dessa editoria saí pra fazer o projeto do caderno Zoeira, que começou a ser um dos cadernos mais lidos. Hoje, edito o Zoeira, a revista Gente e tenho uma coluna de gastronomia no Diário Plus. Esse é o resumo da minha trajetória, ter passado por diferentes setores do jornal e nunca ter dito não ou fechado as portas para desafios diferentes.

QA – Por que escolheu essa profissão?
ML: O que meu trouxe para o jornalismo foi a paixão por cinema. Gostava de escrever sobre isso, antes mesmo de sonhar em ser jornalista. Entrei na universidade e senti uma ligação com o curso desde o princípio. Mas, não achava que tinha muito habilidade. Sentia que era muito tímida e que nunca ia encarar uma redação de jornal. E, então, a gente descobre que o jornalismo tem capacidade de modificar as pessoas, como se a gente vestisse uma capa de super-herói. Quando se é jornalista, enfrentam-se todas as dificuldades pra conseguir a informação. A comunicação está cheia de tímidos enrustidos ou não. Mas, essa timidez, para quem vai adiante ao jornalismo e deixa-o entrar nas veias, não resiste a paixão pela informação e pelo compromisso que a gente passa a assumir.

QA – Como é o seu trabalho na revista Gente?
ML: A ideia era fazer uma revista que fosse diferenciada, com o propósito de ir a fundo a notícias e informações que tivessem o caráter cultural. Queríamos mostrar que existem talentos cearenses em diversas áreas, em diversas partes do mundo e que fazem diferença tanto aqui como lá fora. Na primeira edição tivemos um editorial de moda com estilistas cearenses, de diversos estilos. Acabamos descobrindo um artesão que trabalha com joias artesanais e pedras cearenses com um design diferenciado. Usamos as joias dele no editorial e ele como personagem para uma matéria. Os responsáveis sou eu, Germana Cabral, Felipe Góes (designer e diretor de arte da revista) e os demais são jornalistas convidados. A revista tem outra linguagem, não pode ser factual, nem é feita pra ser consumida de um dia para o outro, demanda mais pesquisa e mais cuidado na elaboração do texto e das imagens.

QA – O que contribuiu para que você se destacasse no jornalismo?
ML: Dedicação. Não se consegue sucesso se não gostar do que faz, esse é o primeiro ponto. A partir do momento em que comecei, descobri que essa era minha profissão. Eu conseguia sentir que estava fazendo certa diferença na sociedade. Também tive a sorte de trabalhar com grandes profissionais do jornalismo cearense. Trabalhei com Ronaldo Salgado, Isabel Pinheiro, Dedé de Castro e trabalhar com esses profissionais me fez ver que o jornalismo não tem ponto final na hora que seu expediente encerra. Se tive algum segredo, foi olhar o mundo com o olhar de jornalista 24 horas por dia.

QA – Quais foram os piores momentos que você viveu como jornalista?
ML: Foi em 2001 no ataque às Torres Gêmeas. Isso aconteceu durante um período da minha vida muito complicado. Meu pai estava com câncer. Descobri em um dia e no outro aconteceu o ataque. O editor de Nacional/Internacional ficou com a parte nacional e eu assumi a internacional inteira. Era fechado um caderno especial sobre o atentado todo dia. Além de ser muito cansativo, foi uma nova experiência, a de trabalhar com agências internacionais.

QA – E alguns dos melhores momentos?
ML: A minha primeira manchete, durante um surto de cólera. Quando foi confirmado o primeiro caso, fiz a matéria. Saber que você tem a notícia principal do dia seguinte dá medo, mas no outro dia te dá uma felicidade indescritível. Outro momento foi quando chegamos à final do Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, que premia matérias que buscam fazer um diferencial humano. Entre vários inscritos do Brasil inteiro, estávamos entre os cinco melhores trabalhos. Participei da elaboração da pauta e edição do caderno especial “As crianças do amanhã”, que mostrou como vivem as crianças que moravam nas ruas de Fortaleza. Consideraram que o nosso trabalho estava completo porque fechava um ciclo de propor e não só denunciar. E, por fim, um título que vou carregar até o fim da minha vida é o de “Jornalista Amigo da Criança”, dado pela Unicef e Abrinq. É um prêmio que me honra muito e me deixa feliz saber que em algum momento eu fiz a diferença.

Flávia Lopes
6º Semestre

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